Diretor da NSA: ‘estragos’ causados por Snowden podem ser revertidos
Almirante Michael Rogers diz que agência mudou protocolos para impedir que funcionários consigam copiar grandes volumes de dados
O novo diretor da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), almirante Michael S. Rogers, afirmou acreditar que os estragos causados pelo vazamento de dados secretos sobre programas de vigilância poderão ser revertidos no longo prazo. Em entrevista ao jornal The New York Times, ele afirmou que vários grupos terroristas alteraram seus mecanismos de comunicação depois das revelações feitas a partir de informações vazadas pelo ex-analista Edward Snowden. No entanto, considerou que isso não significa “que o céu está desabando”.
Seu tom contrasta com o de seu antecessor, general Keith Alexander, para quem as revelações feitas por Snowden representam “o maior dano que os sistemas de inteligência já sofreram”. O general Michael Hayden, que também já dirigiu a NSA, considerou que o vazamento das informações causou “danos irreversíveis” ao trabalho da agência. O novo diretor reconheceu apenas que o vazamento de dados causou danos irreparáveis no relacionamento da NSA com as empresas de telecomunicações americanas, prejudicadas pela desconfiança que o escândalo provocou nos usuários de seus sistemas. Desde que as primeiras informações sobre o esquema de espionagem dos EUA foram divulgadas, gigantes da área de internet expressaram sua oposição aos programas de vigilância e tornaram públicas as solicitações recebidas pelo governo para liberar dados..
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Rogers, que assumiu o comando da NSA há três meses, afirmou que a NSA vem adotando novos protocolos para impedir que um funcionário copie a quantidade de arquivos aos quais Snowden teve acesso – mais de um milhão de documentos. Advertiu, no entanto, que nenhum sistema é a prova de falhas ou sabotagem. “Como diretor, posso garantir com 100% de certeza que ninguém vai comprometer internamente nossos sistemas? Não. Até porque eu não acredito nisso no longo prazo”, disse. A principal medida, completou, é “assegurar que o volume” de dados subtraídos por Snowden “não seja roubado novamente”. O NYT lembrou, no entanto, que o Departamento de Defesa fez a mesma promessa em 2010, depois que o soldado Bradley Manning vazou centenas de milhares de arquivos do Departamento de Estado e do Pentágono ao WikiLeaks.
Rogers também afirmou que a agência recebeu ordens para interromper o monitoramento de vários líderes mundiais. No ano passado a revelação de que a NSA havia grampeado o celular da chanceler Angela Merkel causou uma crise entre os EUA e a Alemanha. Também houve problemas no relacionamento com o Brasil. Ele não especificou quantos líderes deixaram de ser monitorados.”Provavelmente pouco mais que meia dúzia, mas não centenas”, resumiu.