A presidente Dilma Rousseff visitou nesta quinta-feira Gabrovo, pequena cidade búlgara ao pé dos Balcãs, onde seu pai nasceu e de onde emigrou em direção ao Brasil, em 1929, um retorno às raízes familiares que, segundo ela, jamais esquecerá.
“Nunca esquecerei esse momento”, afirmou, solene e emocionada, ao concluir um discurso no pátio do colégio onde seu pai estudou.
“Hoje realizo um sonho de meu pai, que sem dúvida gostaria de estar aqui”, afirmou Dilma. “Agradeço a esse habitante de Gabrovo, que me ensinou a amar a vida”, completou.
A presidente encerrou dois dias de visita de Estado à Bulgária com essa viagem a Gabrovo, pequena cidade búlgara a 230 km da capital, Sofia, um “emocionado” retornoa suas raízes familiares.
Sob um sol radiante, centenas de pessoas de Gabrovo ocuparam o pátio do colégio Vassil Aprilov, onde Petar Roussev acabou seus estudos em 1918, e mais de uma década depois emigrou para o Brasil, onde se instalou definitivamente com o nome de Pedro Rousseff.
Todos queriam escutar a “presidente búlgara do Brasil”, como é chamada naquele país, e que apareceu emocionada, vestida com um casaco vermelho e calças escuras.
Dilma agradeceu a todo o carinho que recebeu, mas sobretudo lembrou o fato de o Brasil ser um país que “permite que a filha de um imigrante búlgaro se torne presidente da República”.
Nas ruas estreitas de Gabrovo, uma cidade antes industrial e agora deprimida pelo desemprego, Emilia Koleva, ex-professora de 70 anos, expressava seu “orgulho com o fato de a presidente do Brasil ter um pai nascido aqui”
“Tomara que isso traga investimentos; a cidade está em baixa, os jovens vão embora”, completou a mulher. Valentín Giortchev, de 17 anos, diz que a visita da Dilma “é o mais importante fato em Gabrovo em muito tempo”, e completa: “quando puder, irei embora da cidade, não há perspectivas”.
Sob gritos de “Dilma, Dilma”, a presidente visitou posteriormente uma exposição, “as raízes búlgaras de Dilma Rousseff”, no museu histórico de Gabrovo.
No entanto, segundo familiares búlgaros e um livro surgido recentemente, Pedro Rousseff deixou nesse país uma mulher grávida que, como os demais membros da família na Bulgária, acreditou que ele estivesse morto.
Quase 20 anos depois, em 1948, Pedro Rousseff escreveu à sua mãe, Tsana, anunciando seus sucessos como empresário da construção no Brasil, que havia formado com uma brasileira uma nova família e que era pai de três filhos, entre eles a pequena Dilma Vana, da qual enviava uma foto quando ela completou um ano.
Em nenhum momento Dilma Rousseff citou em Gabrovo essas versões, mas falou de um pai que a ensinou a amar a literatura e “o amor pelos livros”.
“Estou muito emocionada de estar aqui, em Gabrovo, onde meu pai nasceu”, disse. “Queria conhecer as ruas por onde ele caminhou, a escola onde ele estudou”, explicou a presidente, do pequeno estrado colocado no pátio da escola, decorada com bandeiras da Bulgária e do Brasil.
Pedro Rousseff jamais voltou à Bulgária e morreu no Brasil em 1962. A visita oficial de sua filha Dilma à Bulgária é a primeira feita por um chefe de Estado brasileiro a esse pequeno país ex-comunista do sudeste europeu.