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Desempenho em batalha não basta ao novo perfil de general

Além de ganhar guerras, o militar de hoje deve se relacionar, administrar e fazer política

Por The New York Times
14 ago 2010, 17h22

Depois de nove anos de combate em desertos e montanhas do Oriente Médio, as forças armadas dos Estados Unidos chegaram à conclusão de que as tradicionais habilidades adquiridas a duras penas, que permitiram a gerações de comandantes proteger o interesse americano, simplesmente não bastam para garantir a vitória nas guerras atuais. Nem para ascender na hierarquia militar. O domínio das táticas do campo de batalha e o talento para a liderança são apenas pré-requisitos. Atualmente, se espera que generais e outros oficiais de alta patente sejam administradores urbanos, embaixadores culturais, gênios de relações públicas e políticos à medida que lidam com missões múltiplas e bases eleitorais na zona de guerra, em capitais aliadas e em âmbito nacional.

O aumento nas exigências contribui para explicar como dois comandantes americanos no Afeganistão, que estavam entre os generais de quatro estrelas mais respeitados de sua geração, perderam recentemente seus postos. E impulsiona as forças armadas a uma reorganização do método empregado no treinamento e promoção de altos oficiais. “Eles devem ser líderes pentatletas”, disse o general David Petraeus, o comandante máximo no Afeganistão. À medida que Iraque e Afeganistão demonstram que um comandante deve se esforçar para dominar matizes do acordo da aliança internacional, do governo local e da política tribal, as forças armadas reorganizam seus campos de treinamento e seu programa educativo.

Bons resultados em simulações de batalha nos desertos da Califórnia ou na pantanosa Louisiana já não são o único parâmetro. Aldeias falsas com falsos líderes tribais e agentes que apresentam questões opostas representando órgãos do governo e organizações não governamentais estão envolvidos em testar as habilidades exigidas do futuro comandante. Não obstante, alguns oficiais admitem que é mais difícil preparar seus líderes para se relacionar com os chefes civis em Washington, especialmente se o apoio da população às guerras começa a minguar.

Ao reconhecer que os postos máximos se tornaram mais desafiadores em termos intelectuais, proeminentes oficiais confirmam que as forças armadas buscam precisamente esta série mais ampla de habilidades para seus próximos generais de quatro estrelas.

Talvez nenhum general esteja em melhor posição de avaliar os novos desafios de mando que Petraeus, enviado ao Afeganistão pelo presidente Barack Obama para substituir Stanley McChrystal, içado do posto de comandante aliado depois que a revista Rolling Stone publicou comentários que ele e seus subalternos fizeram, com críticas e provocações a dirigentes civis em Washington. Antes, McChrystal ganhara o lugar de David McKiernan, trocado pelo governo Obama após uma mudança na estratégia de guerra.

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Assim como no Iraque, Petraeus recebeu ordens de salvar o esforço bélico no Afeganistão, que sofreu com a escassez de recursos ao ser relegado a uma guerra secundária durante vários anos. Em entrevista, Petraeus disse que as exigências cambiantes da guerra de contra-insurgência e da coalizão apresentavam uma diversidade de intrincados desafios de administração. Sua estratégia está centrada em proteger a população civil, permitir a operação de governos locais e fazer com que as tropas matem combatentes inimigos.

Com esse objetivo, ele encabeçou esforços para um manual de contra-insurgência para as guerras atuais – assim como um novo guia sobre liderança no Éxercito americano que “tenta reconciliar todos estes atributos necessários em um líder de operações de amplo espectro”, disse Petraeus. Essas tarefas complicadas, reconheceu, devem ser conduzidas sob “a lupa de um ciclo noticioso de 24 horas”.

Petraeus está sob esta lupa na medida que os analistas se perguntam se os historiadores que tratam o Afeganistão como um panteão de impérios podem ter alguma razão – e se, para as forças armadas americanas, o país pode se converter, da mesma forma, no panteão simbólico da carreira de generais.

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