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Descoberta na Líbia vala comum com restos de 1.700 prisoneiros

Por Por Rory Mulholland e Jay Deshmukh
25 set 2011, 15h44

O novo governo líbio anunciou este domingo ter descoberto uma vala comum com os restos mortais de 1.700 prisioneiros, assassinados pelo regime de Muamar Kadhafi em um levante ocorrido em 1996, um massacre que deu combustível à revolta que terminou destituindo “o Guia” do poder.

A terrível descoberta ocorreu enquanto centenas de combatentes do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio entravam em Sirte, cidade natal de Kadhafi, procedentes do leste, e aviões de guerra da Otan atacavam a cidade costeira pelo segundo dia seguido.

Os restos mortais na vala comum encontrada em Trípoli pertencem a mais de 1.700 prisioneiros executados na prisão de Abu Salim, na capital líbia.

“Descobrimos o lugar onde estavam enterrados esses mártires”, declarou Jalid Sherif, porta-voz do Conselho Militar do CNT, em coletiva de imprensa em Trípoli, acrescentando haver provas de que as mortes foram “atos criminosos” do regime deposto de Muamar Kadhafi.

Segundo Sherif, um comitê técnico ficou encarregado da identificação dos corpos, mas a operação vai levar ainda algum tempo.

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“Fomos convidados a visitar o local onde estavam os cadáveres de prisioneiros em Abu Salim e encontramos ossos humanos espalhados”, contou um membro dessa comissão, Salim al-Farjani.

“Nós convocamos as organizações estrangeiras e a comunidade internacional para nos ajudar nessa tarefa, uma vez que será preciso identificar os corpos de mais de 1.700 pessoas”, acrescentou.

Farjani também mencionou “atos odiosos cometidos contra cadáveres, sobre os quais foi jogado ácido para eliminar qualquer evidência deste massacre”.

Várias organizações de defesa dos Direitos Humanos denunciaram o assassinato em 1996 de várias centenas de detentos na prisão de Abu Salim, onde foram encarcerados, em particular, muitos presos políticos do regime de Muammar Kadhafi.

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Este massacre, que ocorreu na repressão a um motim, também é indiretamente responsável pela revolta que eclodiu em meados de fevereiro passado, no leste da Líbia, e se transformou em um conflito armado que levou à queda do velho “Guia”, agora foragido.

As primeiras demonstrações em Benghazi, a principal cidade no leste, foram, de fato, realizadas pelas famílias dos presos mortos, que protestaram contra a prisão do advogado que os representava.

Enquanto isso, no terreno, combatentes do CNT faziam o “V” da vitória com as mãos, enquanto avançavam em Sirte em caçambas de picapes e caminhonetes, com a cobertura de três tanques militares, enquanto gritavam “Allahu Akbar” (Deus é grande).

Ao entrarem em Sirte, procedentes do leste, duas ambulâncias passaram com as sirenes ligadas e outros combatentes do CNT emergiram do reduto de Kadhafi, onde disseram ter havido trocas de tiros.

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“Combatemos com Kalashnikovs e armas de pequeno porte no entorno da cidade”, disse à AFP Mar’ee Saleh, da Brigada Ali Hassan Jabar.

“Disparamos contra homens de Kadhafi, mas o revide deles não é muito forte”, afirmou, na entrada leste, acrescentando ter visto aviões de guerra da Otan realizando ataques durante o dia.

Muitas das picapes que entraram na cidade levavam comida e água, além de cobertores, indícios de que os combatentes planejam tomar posições dentro de Sirte, informou um correspondente da AFP.

“Há confrontos dentro da cidade. Duas meninas pequenas foram mortas hoje quando um foguete Grad, disparado por forças de Kadhafi, atingiu uma casa em Sirte”, afirmou Makhluf al-Farjani, porta-voz do conselho militar de Sirte.

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Na periferia oeste da cidade, forças do novo governo mantiveram suas posições, afirmando ter recebido instruções para não lançar um novo ataque a Sirte para permitir as operações da Otan.

Aviões da Aliança Atlântica lançaram pelo menos uma dúzia de ataques aéreos no entorno de Sirte esta manhã, informou o correspondente.

No sábado, a Otan explodiu 29 veículos blindados, uma posição de tiro, dois locais de comando e controle e três paióis na área, informou a organização em um relatório operacional.

Um morador de Sirte que conseguiu escapar este domingo de manhã disse que os combates continuaram até cerca das 7 da noite de sábado.

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“Há mercenários africanos rondando a cidade. Eles disparam contra casas com armas antiaéreas no distrito 1”, no limite oeste de Sirte, contou, recusando-se a dar seu nome por razões de segurança.

Ele também disse ter visto duas vezes um dos filhos de Kadhafi, Mutassim, uma delas em um centro de comando no porão de um hospital, nas últimas três semanas.

Combatentes no front em Sirte têm afirmado que Mutassim está escondido na periferia sul da cidade.

Intensos confrontos também ocorrem em Bani Walid, o único bastião pró-Kadhafi remanecente, onde combatentes do CNT são atacados a tiros de dentro da cidade, informou um correspondente da AFP.

O comandante do CNT, Omar Mukhtar, disse que seus homens estão “se reagrupando”, mas não atacariam no domingo.

“Nós estamos nos preparando”, afirmou, enquanto um correspondente da AFP disse ter visto cinco tanques dirigindo-se para a linha de frente.

As forças do Conselho de Transição acreditam que o filho mais proeminente de Kahafi, Seif al-Islam, esteja escondido em Bani Walid.

“Sabemos exatamente onde ele está”, afirmou Mukhtar.

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