Deputados russos aprovam reforma da Previdência apoiada por Putin
Nova lei prevê aumento nas idades de aposentadoria para homens e mulheres em cinco anos
A Câmara dos Deputados da Rússia aprovou nesta quarta-feira 26 o projeto de lei que aumenta a idade mínima para aposentadoria, proposta que tem causado indignação na população.
O plano do governo de Vladimir Putin aumenta as idades de aposentadoria para homens e mulheres em cinco anos e causou fúria nos blocos políticos da Rússia.
Russos mais velhos temem não viver tempo suficiente para receber os benefícios, enquanto as gerações mais jovens se preocupam com o emprego. Caso os trabalhadores se mantenham ativos por mais tempo, as oportunidades de trabalho se tornarão limitadas.
Ainda falta um terceiro turno de votação entre os deputados, assim como a votação dos senadores, mas as próximas etapas são consideradas mera formalidade.
Flexibilização
O projeto de lei foi flexibilizado pelo presidente após sua impopularidade provocar diversos movimentos de greve e inesperados reveses eleitorais para o partido de Putin.
Milhares de pessoas protestaram contra a reforma, convocadas pelo Partido Comunista e pelo principal opositor ao Kremlin, Alexei Navalny. Este foi condenado na segunda-feira a uma pena de vinte dias na prisão por ter organizado manifestações contra o projeto do governo.
O presidente, diante de um descontentamento incomum que provocou uma queda de sua até então inabalável popularidade, concordou em limitar o aumento da idade de aposentadoria das mulheres de 55 para 60 anos, contra a ideia inicial de 63. No caso dos homens, mudança da idade de aposentadoria foi mantida, com o aumento de 60 para 65 anos.
Os deputados russos também aprovaram outras medidas defendidas por Putin, como a aposentadoria antecipada para mães de famílias numerosas, a manutenção de benefícios para algumas profissões (mineradores, por exemplo) e a aplicação de punições penais para empresas que demitem trabalhadores próximos da idade de aposentadoria.
Rejeição
Ainda assim, o aumento na idade mínima para a aposentadoria desagrada a grande parte da população. Manifestações foram organizadas nesta quarta-feira diante da Duma. Cartazes criticavam o primeiro-ministro Dmitri Medvedev, que propôs a reforma em junho.
O opositor de extrema esquerda Serguei Udaltsov compareceu aos protestos e exibiu um cartaz com a frase “O aumento da idade de aposentadoria é um genocídio”.
Os opositores à reforma afirmam que muitos russos, em especial os homens – com expectativa de vida de 66 anos no país – não poderão aproveitar a aposentadoria.
Na terça-feira, ativistas afirmaram que entregaram ao governo uma petição assinada por 1 milhão de pessoas para pedir a retirada da reforma.
Putin, que não mencionou o tema durante a campanha eleitoral que terminou com sua reeleição em março, inicialmente se distanciou do projeto, mas terminou por defender a reforma durante um discurso há algumas semanas.
O presidente russo afirmou que o aumento da idade de aposentadoria não poderia ser adiado porque isto “ameaçaria a estabilidade da sociedade e a segurança do país”.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)