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Deputado de esquerda francês admite agressão à esposa e partido o defende

Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de esquerda França Insubmissa expressou ter confiança e carinho por Adrien Quatennens – incitando inúmeras críticas

Por Da Redação
21 set 2022, 17h11

O líder do partido de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, defendeu o parlamentar Adrien Quatennes, que admitiu ter agredido sua esposa no domingo, 18. A atitude do político fez com que toda a esquerda francesa fosse criticada por ter ignorado e acobertado casos de assédio contra mulheres. 

No jornal Libération, mais de 500 ativistas feministas e de esquerda escreveram uma carta aberta, na terça-feira 20, ao partido.

“Quando um grupo político tem uma agenda feminista, temos o direito de esperar que eles parem de proteger os agressores”, afirmaram.

Também pediram que Quantennes se demitisse do parlamento. Nesta quarta-feira, 21, a principal manchete da primeira página do jornal se referia aos acontecimentos como “O Grande Mal-Estar” da política francesa.

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Depois que o parlamentar admitiu ter agredido Céline Quatennes durante uma discussão há um ano, ele pediu desculpas e afirmou que deixaria o cargo de coordenador da França Insubmissa. A legenda é considerada líder da coalizão de partidos de esquerda na Assembleia Nacional. A comoção foi ainda maior, pois o legislador tem sido considerado um possível sucessor de Mélenchon. 

No entanto, Mélenchon, que foi candidato presidencial do partido nas eleições deste ano, expressou apoio ao parlamentar e pouca simpatia pela esposa que foi agredida. Ele disse ter “confiança” e “carinho” por Quatennens em um post no Twitter e que a “malevolência policial, voyeurismo da mídia e redes sociais” interferiram no divórcio. 

https://twitter.com/JLMelenchon/status/1571438234064003073 

O caso veio à tona depois que a mídia francesa revelou que Céline havia apresentado uma denúncia de violência doméstica à polícia. Quatennens afirmou que depois que a esposa pediu o divórcio, houve duas outras brigas físicas nos últimos meses. Em uma, ele agarrou seu pulso, e em outra, ela machucou o cotovelo enquanto tentava recuperar um celular que ele pegou de sua mão. 

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Horas após ter recebido diversas críticas, o líder do partido se pronunciou novamente nas redes sociais: “Céline e Adrien são meus amigos. Minha afeição por ele não significa que eu seja indiferente a Céline”, acrescentando que o tapa foi “inaceitável de qualquer forma”.

https://twitter.com/JLMelenchon/status/1571484000442613760

O caso de Quatennens também teve um efeito dominó entre as deputadas ambientalistas da França. O gabinete do grupo Europa Ecologia dos Verdes (EELV) – com 23 deputados na Assembleia Nacional – decidiu suspender Julien Bayou de suas funções como co-presidente nesta quarta-feira, 21, após ter sido acusado por outra deputada do partido de ter sido psicologicamente abusivo com sua ex-namorada. 

Mas a violência contra mulheres por parte de políticos franceses não é uma novidade. Partidos de todo o espectro político na França têm sido criticados e investigados. Após ter sido acusado de estupro, Damien Abad, que fazia parte do governo do presidente Emmanuel Macron, deixou o gabinete em julho.

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