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“Depois de três anos, 8 meses e 13 dias de prisão, ainda me sinto um refém do governo do Uruguai”, diz preso político

Libertado na semana passada, o advogado Alejandro Melgar, que foi preso ilegalmente em Montevidéu, fala do medo de voltar para prisão e da luta para provar nos tribunais internacionais as violações que o governo de José Mujica cometeu para atender o amigo boliviano Evo Morales

Por Da Redação 9 jan 2016, 16h42

O advogado uruguaio-boliviano, Alejandro Melgar, passou os últimos quatro anos preso em uma cadeia de Montevidéu aguardado a decisão sobre um pedido de extradição apresentado pelo governo de Evo Morales. Melgar foi preso no dia no dia 23 de abril de 2012 em atenção a um pedido da polícia boliviana que alegava ter obtido junto a Interpol uma ordem de captura contra Melgar.

O governo de Evo Morales o acusa de terrorismo, em um caso controverso, no qual, o próprio Procurador que era responsável pela investigação confessou que tudo não passou de uma armação do governo para perseguir e incriminar opositores.

Nos primeiros dias que sucederam à prisão de Melgar, o escritório central da Interpol, com sede na cidade francesa de Lyon, enviou uma mensagem para as autoridades uruguaias negando que haviam pedido a captura. Segundo a mensagem (veja abaixo) a instituição disse que não atua em casos de características políticas. “Essa foi, para mim a primeira declaração oficial de minha inocência”, disse à VEJA Alejandro Melgar em sua primeira entrevista concedida depois de ser solto na terça-feira passada.

Documento enviado pela sede da Interpol na França atestando não haver ordem de prisão contra o boliviano Alejandro Melgar
Documento enviado pela sede da Interpol na França atestando não haver ordem de prisão contra o boliviano Alejandro Melgar (VEJA)
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Na última semana de dezembro, a Justiça uruguaia negou a extradição de Melgar e determinou que ele fosse colocado em liberdade, mediante uma série de condições. Apesar de o processo ter sido encerrado e de não existir nenhuma ação contra o ele, o Tribunal de Apelação determinou a apreensão de seu passaporte, o comparecimento semanal frente a um juiz e o pagamento de uma fiança de 100.000 dólares. “Assassinos e condenados por crimes da ditadura não foram submetidos ao rigor da Justiça, como Alejandro Melgar. O Uruguai errou ao prendê-lo e continua errando em não lhe garantir plenamente seus direitos”, diz o deputado Jaime Trobo, da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados do Uruguai. “Para mim, o caso de Alejandro é o Plan Condor 2”.

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Foi graças ao gesto de solidariedade de uma amigo da família – que entregou os títulos de posse de sua casa, em garantia do pagamento da fiança – que no dia 23 de dezembro passado foi assinada a ordem se soltura de Melgar. Mas as autoridades só cumpriram a ordem no dia 5 de janeiro. “Eu esperava dar um abraço em meus filhos, fora de uma cela. Mas nem isso, me foi permitido. Eles voltaram para Bolívia no dia 29, diante da falta de perspectiva que eu seria solto.

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Melgar, que denunciou o Uruguai na Corte Interamericana de Direitos Humanos, prepara sua defesa prévia, na expectativa de que poderá vir ser processado pelo Estado Uruguaio. “Ninguém garante que o Uruguai apresente uma denúncia contra mim, a partir de uma denúncia reconhecidamente falsa que ainda vigora na Bolívia. VEJA.com procurou o Ministério da Justiça do Uruguai e a Procuradoria Geral da República, mas não obteve nenhuma reposta sobre como será conduzido o caso.

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