Defesa tenta encurtar pena de soldado acusado de vazar informações secretas dos EUA para o WikiLeaks
Bradley Manning, de 23 anos, corre o risco de ser condenado à prisão perpétua
A audiência preliminar sobre o caso do soldado Bradley Manning e seu papel no maior vazamento de dados reservados da história dos Estados Unidos, que chegaram à rede WikiLeaks, foi finalizada nesta quinta-feira com sólidas provas contra o acusado e o pedido da defesa para que não seja requerida uma pena maior que 30 anos. A audiência acontece na base americana de Fort Meade, no estado de Maryland.
David Coombs, advogado do soldado, criticou a intenção da Promotoria de acusar Manning “por ajuda ao inimigo” para que assim cumpra pena perpétua. Se fosse rejeitada essa acusação, a condenação do soldado não superaria 30 anos, algo que a defesa considerou “mais que suficiente”. O advogado de Manning alegou que as revelações do WikiLeaks não comprometeram grandes segredos de Estado e não causaram danos.
Por sua parte, a acusação lembrou que o soldado era um analista competente, que sabia que ao encaminhar mais de 700 mil documentos secretos ao WikiLeaks os inimigos dos EUA, como a rede Al Qaeda, poderiam buscá-los na internet e fazer uso deles. O capitão Ashden Fein, representante da acusação por parte do governo americano, mostrou o histórico de supostas conversas entre Manning e Julian Assange, fundador do WikiLeaks, nas quais o envio de documentos é confirmado.
Argumentações – Manning, que assinou até sete acordos de confidencialidade antes de ser alçado ao cargo de analista de inteligência no Iraque, era consciente da importância das informações que encaminhou, que podiam comprometer a segurança nacional, indicou Fein. Já Coombs lembrou que na unidade do soldado no Iraque não eram cumpridos os padrões de segurança sobre a gestão de informações classificadas e que seus superiores ignoraram repetidamente seu estado mental e seus “problemas de identidade sexual”.
A defesa se agarra a esses argumentos como atenuantes perante o mais que provável começo de um julgamento militar, algo que será decidido por outro grupo militar após a análise das recomendações do presidente desta audiência, Paul Almanza, que tem até 16 de janeiro para anunciar suas conclusões.
Maus tratos – Preso em maio de 2010 no Iraque, e posto desde então sob custódia militar, Bradley Manning foi levado para os Estados Unidos há um ano e meio. Colocado numa prisão de segurança máxima, foi submetido à solitária e obrigado a dormir sem roupas, sob justificativa de que a proibição buscava evitar que ele cometesse suicídio. Após seus advodados reclamarem de maus tratos, Manning foi transferido. Ele aguarda uma decisão sobre o seu futuro na prisão de Fort Leavenworth, no estado americano do Kansas.
(Com agência EFE)