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De Blasio: de sandinista a prefeito da cidade de Nova York

Eleito com mais de 70% dos votos, democrata de discurso populista tenta apagar seu passado para comandar a cidade mais influente dos EUA

Por Da Redação
6 nov 2013, 01h29

Confirmando todas as previsões – sua vitória era uma barbada -, o democrata Bill de Blasio foi eleito na noite desta terça-feira prefeito de Nova York, a cidade mais influente dos Estados Unidos e do mundo. Ele venceu seu opositor republicano Joseph Lhota com uma larga vantagem. Com quase 90% das urnas apuradas, tinha 73% dos votos, contra 24% do rival. Com De Blasio, os democratas retomam o poder em Nova York após mais de duas décadas, período em que a cidade teve dois prefeitos, o republicano Rudolph Giuliani e o megaempresário Michael Bloomberg, que chegou ao cargo pelo mesmo partido e em 2007 se tornou independente (sem filiação partidária).

A trajetória de Bill de Blasio até a Prefeitura de Nova York começou no Conselho da Cidade, equivalente à Câmara Municipal. Vereador por dois mandatos consecutivos entre 2001 e 2009, o grandalhão de 1,95 metro habilitou-se para se candidatar e vencer as eleições para promotor público da Big Apple, cargo que ocupa desde 2010. Daí para a prefeitura, foi um passo. Segundo editorial do jornal The New York Times, promotor público costuma ser um emprego insignificante em Nova York, mas De Blasio soube usá-lo para construir uma plataforma de campanha: comprou brigas, muitas vezes perdidas, por moradias, saúde e outras causas populares, inflando seu capital político.

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Seu currículo como vereador, promotor, diretor do departamento de moradias de Nova York e gerente da primeira campanha de Hillary Clinton ao Senado é apontado como insuficiente para administrar uma cidade-empresa com 300 000 funcionários e orçamento anual de 70 bilhões de dólares (159 bilhões de reais). Só a titulo de comparação, o orçamento da cidade de São Paulo, a mais rica do Brasil, é de 42 bilhões de reais este ano.

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Além da pouca (ou quase nenhuma) experiência executiva de De Blasio, esqueletos em seu armário suscitam dúvidas quanto às suas crenças políticas. Pouco após graduar-se na Universidade da Columbia, em 1987, ele foi contratado pelo Quixote Center, uma organização social de Maryland. Segundo o New York Times, ele esteve dez dias na Nicarágua durante a guerra civil que assolava o país, dividido entre a guerrilha sandinista e os chamados Contras – a resistência armada apoiada pelo governo dos EUA do então presidente Ronald Reagan. A Quixote Center e De Blasio ajudaram os sandinistas.

Quem é Bill De Blasio

Vida pessoal

Warren Wilhelm Jr. nasceu na ilha de Manhattan, em 8 de maio de 1961. Em 2002, ele adotou o apelido de infância, Bill, e o nome de solteiro de sua mãe, De Blasio. Graduou-se pela Universidade de Nova York e tem mestrado em Relações Internacionais pela Universidade de Columbia. É casado com a poeta e ativista Chirlane McCray. Ambos possuem dois filhos adolescentes, Chiara e Dante. A família reside no Brooklyn e Bill diz em seu site oficial que tem orgulho de seus filhos estudarem em escolas públicas.

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Vida pública

De Blasio iniciou a carreira política como vereador de Nova York, sendo eleito pelo partido democrata por dois mandatos consecutivos, entre 2001 e 2009. Deixou o Conselho da Cidade (a câmara de vereadores de NY) para se candidatar ao cargo de promotor público do município, cargo que exerce desde setembro de 2009 e que lhe deu maior projeção política por atuar como mediador entre cidadãos e a Prefeitura. Em setembro de 2013, ele venceu as eleições primárias municipais dos democratas com mais de 40% dos votos.

De volta aos EUA, o jovem De Blasio, então com 26 anos, ajudou a levantar fundos para os sandinistas em Nova York e passou assinar o jornal oficial dos guerrilheiros, o Barricada. Questionado sobre esses episódios, ele alega que era um defensor do “socialismo democrático”.

Segundo relatos da imprensa americana, na época em que De Blasio era um fervoroso defensor sandinista, o agora prefeito eleito tinha um discurso estranho, que misturava frases feitas de Franklin D. Roosevelt, conceitos de Karl Marx e trechos de músicas Bob Marley – ou seja, uma salada ideológica sem foco e com muito proselitismo. As referências ao seu passado de ativista, claro, foram suprimidas do perfil que consta em seu site oficial de campanha. Metamorfose ambulante, hoje ele diz ser crítico dos sandinistas e afirma que esse período de seu passado foi um “aprendizado”.

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De Blasio envelheceu, entrou na política, mas continuou admirando regimes totalitários. A lua de mel com sua mulher, a ativista, editora e poeta bissexta Chirlane McCray, foi festejada em Cuba, em meados da década de 1990. Depois de se metamorfosear politicamente, atualmente De Blasio se classifica como progressista e ancorou sua campanha à Prefeitura com um discurso passional e populista contra a desigualdade. Resta saber se seu passado o atormentará no comando da Prefeitura de Nova York ou se ele realmente é capaz de provar que mudou.

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