Não é o caso de decretar o compositor francês Charles Dumont como autor de um único sucesso. Contudo, para quem criou Non, Je Ne Regrette Rien, eternizado na voz de Édith Piaf, o que fazer? Nada do que se arrepender. “Non, je ne regrette rien / ni le bien qu’on m’a fait / ni le mal, tout ça m’est bien égal” — até mesmo quem não domina o idioma de Voltaire cantarola com emoção a letra de um clássico irrecorrível. Dumont tentara inúmeras vezes se aproximar de La Môme, com sucessivas negativas. Até que, em 1960, ela aceitou recebê-lo. No piano, ele executou a balada romântica, que compusera aos 27 anos, em 1956. Foi paixão à primeira vista. O resto é história, em ícone que atravessou o tempo e o espaço. “Foi minha mãe quem me deu à luz, mas foi Édith Piaf quem me apresentou ao mundo”, disse em uma entrevista, em 2015. Dumont morreu em 18 de novembro, aos 95 anos.
Fábrica de best-sellers
Foram quarenta romances e 91 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. A escritora britânica Barbara Taylor Bradford fez sucesso com uma prosa elegante e pegada dramática, de personagens — sobretudo mulheres — que saíam de baixo para vencer, apesar de tudo e de todos. Seus relatos escondem segredos, ambições violentas e eterno jogo de poder. Não tinha como dar errado — e não por acaso pelo menos dez de seus trabalhos viraram filmes e minisséries. Alguns de seus best-sellers em português: Uma Mulher de Fibra, A Herança, A Dinastia, A Voz do Coração e Recompensa Merecida. Ela morreu em 25 de novembro, aos 91 anos.
A serviço de sua majestade
O charme inigualável de Sean Connery dos primeiros filmes da franquia de 007, no início dos anos 1960, faz parte da história do cinema. As cenas de ação — um tanto ingênuas, mas sempre empolgantes — serviram de baliza para o que seria feito dali para a frente. Mas a grande marca, a senha e símbolo de Bond, James Bond, são as cenas de abertura e sobretudo o riff de guitarra durante os créditos iniciais. Quem os executava, de mãos dadas com a orquestra de metais e cordas da composição de John Barry, era o guitarrista britânico Vic Flick. “Para conseguir aquele som exagerado, apoiei-me nas cordas graves e grossas”, disse certa vez. E, então, deu-se o som imediatamente associado a medo e à segurança do agente de Sua Majestade. Flick morreu em 14 de novembro, aos 87 anos, em Los Angeles, mas a notícia só foi divulgada na semana passada.
Publicado em VEJA de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921