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Damasco rejeita acusações sobre envolvimento em massacre de Houla

Por Louai Beshara
31 Maio 2012, 16h50

A Síria rejeitou nesta quinta-feira as suspeitas sobre o regime quanto a sua responsabilidade no massacre de Houla e rechaçou as declarações do secretário-geral da ONU, que alertou para uma “guerra civil catastrófica” no país.

Enquanto isso, os opositores convocaram manifestações para sexta-feira em homenagem às 49 crianças mortas em Houla no dia 25 de maio.

Segundo o chefe da comissão Justiça-Exército, os resultados preliminares da investigação realizada pelas autoridades sírias mostram que “grupos armados” foram responsáveis pelo massacre que deixou 108 mortos no total.

“Grupos armados mataram famílias pacíficas”, anunciou o general Kassem Jamal Sleimane, afirmando que essas famílias “tinham recusado a se colocar contra o Estado e não concordavam com os grupos armados”, em referência aos insurgentes que lutam contra as tropas do governo.

Uma autoridade da ONU afirmou nesta terça-feira que há “fortes suspeitas” relacionadas ao envolvimento dos “shabbiha”, milicianos pró-regime, no massacre de Houla.

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O comando interno do Exército Sírio Livre (ESL) deu um prazo de até sexta-feira ao meio-dia (06h00 de Brasília) ao governo para aplicar o plano de paz do emissário internacional Kofi Annan, que prevê a interrupção da violência, caso contrário não se prenderá mais a essa iniciativa que suscita dúvidas crescentes.

Esse comandante lidera as operações contra as tropas do governo em território sírio. Ele está teoricamente sob as ordens do Conselho Militar Superior do ESL, com sede na Turquia, que não apoia este ultimato, em um claro sinal das divisões que existem dentro da oposição armada.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou para o risco de uma “guerra civil catastrófica” após o massacre de Houla.

“Massacres desse tipo (…) podem mergulhar a Síria em uma guerra civil catastrófica, uma guerra civil da qual o país nunca conseguirá se erguer”, disse Ban.

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“Peço que o governo sírio honre o seu compromisso de aplicar o plano de paz Annan”, incluindo o cessar-fogo, afirmou Ban. Instaurada em 12 de abril, a trégua tem sido sistematicamente violada.

O regime sírio, por meio do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Jihad Makdissi, lamentou “que o secretário-geral das Nações Unidas tenha deixado de lado sua missão de manutenção da paz e da segurança no mundo para se tornar um anunciador de guerras civis”.

Frente à escalada da violência na Síria, a comunidade internacional está paralisada por suas divergências. A Rússia, maior aliada do governo de Bashar al-Assad, que possui direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, reiterou que não mudará sua posição “equilibrada e lógica” sob pressão.

A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, indicou qua havia dito aos russos, que recusam qualquer nova iniciativa da ONU sobre a Síria, “que sua política vai contribuir para uma guerra civil”.

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Aumentando ainda mais a pressão sobre os russos, a embaixadora americana na ONU, Susan Rice, classificou nesta quinta o fornecimento de armas da Rússia para a Síria de ato “condenável”.

Rice disse também que as primeiras conclusões da comissão de investigação síria sobre o massacre na cidade de Houla são “uma mentira flagrante”.

A Casa Branca havia indicado um pouco antes que Barack Obama está “horrorizado” com a violência na Síria, mas que os Estados Unidos não podem “por fim a todos os horrores do mundo”.

Segundo o embaixador americano na Otan, nenhuma discussão está em andamento na aliança atlântica tendo em vista uma eventual intervenção na Síria porque as condições não estão reunidas atualmente.

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O presidente francês, François Hollande, que recebe na sexta-feira em Paris seu homólogo Vladimir Putin, manifestou a sua intenção de mudar sua posição.

Representantes dos países árabes reunidos na Tunísia exortaram Pequim, outro apoio de Damasco, a pressionar o regime.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição síria, pediu nesta quinta-feira a Annan que aumente de 300 para 3.000 o número de observadores mobilizados pela ONU na Síria para supervisionar o cessar-fogo.

Os observadores da ONU não conseguem fazer com que o cessar-fogo seja respeitado e a repressão praticada pelo governo continua, assim como os combates entre soldados e rebeldes que deixam dezenas de mortos todos os dias.

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A cidade de Rastan (centro), fortaleza da rebelião, era violentamente bombardeada nesta quinta-feira, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, segundo o qual nove pessoas foram mortas em episódios de violência nesta quinta-feira.

Desde o início da revolta, em março de 2011, mais de 13.000 sírios foram mortos, em sua maioria civis, segundo a ONG.

Annan se reuniu nesta quinta com o presidente do Líbano, Michel Sleimane, e com outras lideranças libanesas, com quem abordou a crise síria.

Nesse país onde o conflito sírio desencadeou tensões mortais, habitantes da cidade fronteiriça de Abboudiyeh bloquearam uma estrada que leva à Síria para protestar contra o “sequestro” na véspera de dois libaneses, praticado, segundo a agência libanesa, por homens armados provenientes da Síria.

Um terceiro libanês foi sequestrado nesta quinta na fronteira com a Síria, no leste do país, por sírios com uniformes militares, segundo uma fonte do Exército libanês.

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