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Cuba faz reformas e a Venezuela intensifica o socialismo

Por Por Anna Pelegrí
13 dez 2011, 16h12

O governo de Cuba está introduzindo reformas de mercado em seu esgotado modelo econômico do tipo soviético mas, na Venezuela, o presidente Hugo Chávez acredita que o socialismo é mais necessário do que nunca e pretende intensificá-lo, com medidas estatizantes, meses antes de buscar a reeleição nas urnas.

Enquanto Havana acabou, recentemente, com as proibições em vigor durante meio século, como a compra e venda de casas e de veículos, na Venezuela entraram em vigor leis para regular o mercado de aluguel de moradias e permitir ao Estado fixar os preços de todos os bens e serviços.

Para seus líderes, Raúl Castro em Cuba e Chávez na Venezuela, aliados estratégicos, não há volta atrás nos caminhos empreendidos.

“O tempo que nos resta é curto, para tarefa gigantesca. Os erros que criticamos não podem voltar a acontecer, pois se está brincando com a vida da revolução. Corrigimos, para acabar com o tempo de continuar beirando o precipício”, advertiu Raúl Castro, em agosto.

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O irmão de Fidel, líder histórico da revolução cubana, aprovou neste ano um plano de mais de 300 reformas para impulsionar a pobre economia nacional, cujo modelo centralizado e planejado imperou durante 50 anos.

A abertura ao setor privado, para atrair o investimento estrangeiro ou o impulso da autonomia empresarial são algumas das medidas que a ilha começou a implementar, junto ao corte de 1 milhão de cargos públicos e a eliminação de subsídios.

Os cubanos sofrem o impacto das mudanças com uma mistura de entusiasmo pelas novas oportunidades e temor de perder a segurança que o Estado comunista lhes dá, enquanto alguns intelectuais consideram que as reformas não acontecem rápido o suficiente.

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Chávez sinaliza outro rumo para seu país, caso vença as eleições de 7 de outubro de 2012: “quando começar a campanha (eleitoral), explicaremos ao país e ao mundo o que faremos para ampliar a revolução socialista”, prometeu na semana passada.

Inimigo declarado da “burguesia”, à qual desafia em seus discursos, Chávez, no poder desde 1999, levantou a bandeira do que chamou de “socialismo do século XXI” em 2005, pouco depois de Fidel sugerir a criação de “missões” sociais para ajudar os setores mais desfavorecidos e cujo sucesso político foi inquestionável, desde seu lançamento .

Desde então, Chávez criou o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), impôs o controle majoritário por parte do Estado da exploração petroleira em empresas mistas e intensificou as expropriações de terras.

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Mas os contornos do socialismo que Chávez se propõe “acelerar” se for eleito para um terceiro mandato são difusos e seu alcance, incerto.

Nicmer Evans, professor de Teoria Política da Universidade Central da Venezuela, (UCV), afirma que o presidente realiza, por enquanto, um “processo de conscientização da população” antes de realizar uma verdadeira transformação, baseada em uma “socialização dos meios de produção”.

Para a autora do livro “Ideias para Debater o Socialismo do Século XXI”, Margarita López Maya, o “socialismo chavista é suficientemente ambíguo”.

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“Até agora, foi muito associado com as políticas sociais pelas quais o Estado distribui recursos” apoiado nas altas receitas do petróleo, disse à AFP a historiadora, criticando o caráter “clientelista” dessa estratégia, porque, com frequência, exige a militância no PSUV para os que quiserem se beneficiarse de algumas missões.

De qualquer forma, o governo rejeita categoricamente que seu socialismo siga o caminho cubano, uma ideia que, se apresentada abertamente, poderia ser mal vista pelos venezuelanos – uma sociedade apegada à propriedade privada e à iniciativa individual, além de altamente consumista, segundo os estudos.

Mesmo para os setores populares, base eleitoral de Chávez, o socialismo é interpretado como “igualdade de oportunidades, direitos e benefícios” e a rejeição ao modelo cubano é absoluta, explica López Maya.

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“Se Chávez transmitir a mensagem de que quer impor o modelo cubano, provavelmente seria rechaçada” nas urnas, acrescenta.

Para Riordan Roett, diretor do Programa América Latina da Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos, ambos os modelos não são comparáveis.

“Em 1959, com a ajuda da União Soviética, Cuba fez um esforço imensurável para criar um Estado socialista”, afirma à AFP.

Atualmente, “com a ascensão de Estados democráticos e sociais responsáveis, como o Brasil, o autodenominado modelo venezuelano tem poucos atrativos”, acrescenta Roett, para quem Chávez, apesar de contar “com recursos em abundância”, carece de uma “estratégia para construir um Estado” benéfico para seus cidadãos.

Segundo López Maya, a aposta de Chávez no futuro não difiere tanto de outros processos históricos.

“Se sair vitorioso nas eleições, o estado comunitário se consolidará, sem independência dos poderes, com um esquema vertical e sem distinção entre Estado, governo e partido”, o que vai se assemelhar “aos socialismos do século XX”, destaca.

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