Cronologia do programa nuclear da Coreia do Norte
Teste realizado nesta terça-feira é o terceiro na história do país e o primeiro no governo de Kim Jong-un. Histórico de atritos com os Estados Unidos é longo
A Coreia do Norte confirmou a realização de um teste nuclear nesta terça-feira, o primeiro sob o governo de Kim Jong-um e o terceiro da história do país, que tem um longo histórico de atrito com outros países, principalmente os Estados Unidos. As tensões se elevaram, com o regime comunista anunciando que poderá tomar medidas “ainda mais duras” em resposta à “hostilidade” de Washington. Conheça as principais etapas do cronograma nuclear do regime norte-coreano.
Mísseis – No final da década de 1970, com a assistência técnica da China, a Coreia do Norte começa a trabalhar no desenvolvimento de mísseis balísticos de curto alcance, baseados na tecnologia do míssil soviético Scud, que, por sua vez, é derivado de um foguete alemão V2, usado na Segunda Guerra Mundial.
No início da década de 1980, a Coreia do Norte começa a trabalhar em sua própria versão do sistema de mísseis Scud-B, a ser chamado de Hwasong-5. O país realiza vários testes de protótipos com um alcance de aproximadamente 300 km. Na segunda metade da década, surge o míssil de longo alcance Hwasong-6 (500 km). Pyongyang passa a ter capacidade para atingir alvos na Coreia do Sul.
Em seguida, o país começa a desenvolver os mísseis Nodong, uma versão melhorada do Scud com alcance de 1.300 km, permitindo atingir o Japão e Taiwan. Um míssil desse modelo é testado e segue por 500 km antes de cair no Mar do Japão. Apesar dos problemas técnicos do projeto, o teste causa preocupação porque o míssil poderia potencialmente carregar uma ogiva nuclear.
No final da década de 1990, Pyongyang anuncia a criação dos mísseis Taepodong 1 e 2, que têm alcance ainda maior. O Taepodong 2 alcança cerca de 6.700 km, o suficiente para atingir o Alaska. Em 31 de agosto de 1998, a Coreia do Norte dispara um Taepodong 1 contra o Japão, que cai no Oceano Pacífico. O governo afirmou que era uma tentativa de lançar um satélite no espaço.
Negociações – Em setembro de 1999, a Coreia do Norte se compromete a suspender os testes com mísseis de longo alcance. Em resposta, o presidente americano Bill Clinton diminuir as sanções econômicas contra o país. Um consórcio internacional liderado pelos Estados Unidos destina 4,6 bilhões de dólares para a construção de dois reatores nucleares na Coreia do Norte. Menos de dois anos depois, o governo norte-coreano ameaça reiniciar seu programa de armas nucleares. O Departamento de Estado americano informa, pouco depois, que o país está dando sequência ao desenvolvimento de seu míssil de longo alcance.
Em outubro de 2002, a Coreia do Norte admitiu a condução de um programa nuclear clandestino usando urânio enriquecido. Com isso, o país declara “anulado” o acordo assinado em 1994 com os Estados Unidos. Em 2003, o país se retira do Tratado de Não Proliferação Nuclear, acordo assinado por vários países para evitar a disseminação de armas nucleares.
Em agosto de 2003, o Grupo dos Seis (Estados Unidos, China, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte) realiza em Pequim a primeira de uma série de rodadas de negociações sobre a crise nuclear norte-coreana.
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Primeiro teste – Em julho de 2006, a Coreia do Norte diz ter testado seis mísseis, incluindo um Taepo-dong 2 de longo alcance. Os Estados Unidos classificam o teste de “provocativo”. Três meses depois, o país anuncia a realização de seu primeiro teste nuclear, tornando-se o oitavo país da história a ter armas nucleares. Em resposta, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução impondo novas sanções econômicas ao país e pedindo o fim dos testes nucleares e com mísseis balísticos. A Coreia do Norte rejeita a resolução.
Poucos meses depois, o país concordou em retomar as negociações sobre o desarmamento e desativou seu principal reator. Um acordo assinado em setembro de 2007 com o Grupo dos Seis, a Coreia do Norte concorda em começar a desativar suas instalações nucleares. Na sequência, o país afirma que considera retomar o programa, uma vez que os Estados Unidos não removeram a Coreia do Norte da lista de países que promovem o terrorismo. Em outubro de 2008, o governo de George W. Bush tira a Coreia do Norte da lista do terror, depois de o país ter concordado em dar acesso a inspetores.
Em dezembro do mesmo ano, no final do governo Bush, representantes do grupo dos seis voltam a se reunir, mas falham na tentativa de chegar a um acordo sobre a inspeção das instalações nucleares da Coreia do Norte. Em seguida, o país afirma que não haverá mais negociação e declara que vai aumentar seus esforços nucleares, incluindo o enriquecimento de urânio.
Segundo teste – Em 25 de maio de 2009, a agência oficial de notícias norte-coreana anuncia que o país conduziu com sucesso seu segundo teste nuclear, “em um nível mais alto em termos de poder explosivo”. A equipe do presidente Barack Obama, recém-chegada ao governo, congela as relações com o país asiático.
No dia 19 de dezembro de 2011, a agência KCNA informa a morte do ditador Kim Jong-il, em decorrência de um ataque cardíaco. Seu filho Kim Jong-un torna-se seu sucessor e é declarado “líder supremo” do país, depois de duas semanas de luto nacional.
Em abril de 2012, desafiando alertas da comunidade internacional, a Coreia do Norte lançou um foguete de longo alcance, mas o lançamento falhou e o foguete se partiu minutos depois e caiu no mar. Em uma pouco usual admissão de falha, a imprensa estatal anunciou que o foguete não havia conseguido colocar em órbita um satélite.
Em dezembro do ano passado, Pyongyang anunciou que tinha planos de lançar outro foguete para tentar colocar um satélite em órbita. O lançamento foi confirmado apenas dois dias depois de o regime comunista ter divulgado que o prazo seria prorrogado, devido a questões técnicas. Em meio a críticas de diversos países, Pyongyang declara a missão um sucesso.
Em janeiro deste ano, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução apresentada pelos Estados Unidos, condenando o lançamento do foguete e ampliando as sanções contra o país. Em resposta, a Coreia do Norte divulgou um comunicado afirmando que realizaria um novo teste nuclear e novos lançamentos de foguetes de longo alcance, como parte de uma nova fase de confrontação com o governo americano.
Doze de fevereiro de 2013: a Coreia do Norte cumpre a ameaça e realiza seu terceiro teste nuclear. Os Estados Unidos condenam a ação e ressaltam que permanecerão “vigilantes” diante das “provocações” norte-coreanas e “firmes no compromisso de defesa de nossos aliados na região”.