Buenos Aires, 5 mar (EFE).- A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, renovou nesta segunda-feira suas críticas a uma parte da imprensa, ao comentar recentes declarações do ex-ditador Jorge Videla a uma revista espanhola.
‘Esta invocação de Videla para se unir à oposição me faz concordar com outras recomendações que lemos diariamente em editoriais e análises de comentaristas políticos’, declarou Cristina, criticando a reportagem da revista ‘Cambio 16’ por reproduzir ataques verbais do ex-líder contra o atual governo.
Na segunda parte de uma reportagem sobre Videla feita pela ‘Cambio 16’, o ex-presidente da Argentina, em suas primeiras declarações à imprensa após o fim da última ditadura (1976-1983), criticou a oposição política do país por não ter se unido para ‘combater esta praga’, em referência ao governo de Cristina.
A atual líder, durante um evento na sede do governo argentino, classificou como ‘ofensiva’ uma frase de Videla sobre ‘o famoso problema dos desaparecidos’ políticos na Argentina durante a última ditadura.
‘Com sinais de interrogação, Videla se pergunta: (Os desaparecidos) são uma realidade, uma invenção, uma especulação política ou econômica? O que de fato são os desaparecidos?’, destacou Cristina.
Ela mesma respondeu imediatamente à questão: ‘A realidade é que devemos homenagear a democracia, a infinita possibilidade de viver como vivemos, dizer o que queremos, mas também pedir reflexão dos que curiosamente concordam com essas frases, com essas ideias, com essas posturas’.
Na reportagem, Jorge Videla disse também que ‘hoje é preciso vencer a guerra política através das mensagens e da imprensa’, e indicou que, se a Argentina mudasse de rumo, centenas de militares não estariam presos.
‘A pergunta chave que alguém se faria é ‘por que ele diz isso’. Mas é uma pergunta que eu não posso responder. Talvez haja outros argentinos que possam responder, e é a eles que se deve perguntar’, finalizou a presidente.
Videla, de 86 anos, preso em uma penitenciária nos arredores de Buenos Aires, foi o primeiro governante da última ditadura argentina a receber, em dezembro de 2010, uma condenação à prisão perpétua, devido ao fuzilamento presos políticos em 1976, além de acumular vários processos por violações dos direitos humanos. EFE