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Cristina Kirchner, a ‘companheira’ presidente

Por Da Redação
5 dez 2011, 17h19

Mar Marín.

Buenos Aires, 5 dez (EFE).- ‘Ser presidente é a maior honra que um argentino pode ter’. Com estas palavras Cristina Kirchner assumiu o poder em 2007, mas o que ela não imaginava era que quatro anos depois se tornaria a primeira mulher das Américas a repetir o mandato por escolha popular.

Com uma longa trajetória política, a advogada de 58 anos, de personalidade forte e decidida e que vem de muitos anos de militância peronista, iniciará no próximo sábado uma nova legislatura após uma gestão marcada por crescimento sustentado, com uma boa dose de populismo e flerte com banqueiros e empresários.

Sua cerimônia de posse será muito diferente da que há quatro anos protagonizou ao lado de seu marido e antecessor, Néstor Kirchner, morto em outubro de 2010.

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Desde então, Cristina Kirchner soube se livrar do rótulo de ‘esposa’ para consolidar sua liderança, exercer a solidão do poder com estilo próprio e anular, quase literalmente, a oposição.

Com uma arrasadora vitória nas eleições de outubro, mais de 54% dos votos, a presidente bateu vários recordes: não só é a primeira governante argentina escolhida nas urnas, mas a primeira mulher das Américas que assume um segundo mandato presidencial.

Além disso, liderará o período peronista mais longo no poder, superando inclusive Juan Domingo Perón, visto que nas próximas eleições, em 2015, terão transcorrido 12 anos desde o triunfo de Néstor Kirchner, em 2003.

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Muitos duvidavam do futuro político de Cristina após a morte de seu marido, mas a presidente definiu sua estratégia e se cercou de um reduzido grupo de fiéis colaboradores que, paradoxalmente, são em sua maioria jovens tecnocratas sem relação com a velha guarda peronista.

A morte de Kirchner, seu ‘companheiro de vida e de militância’, em suas próprias palavras, deu origem ao ‘cristinismo’, como se começou a chamar a adaptação do chamado ‘modelo K’ ao estilo da chefe de Estado.

De rigoroso luto, Cristina se preocupou mais com sua imagem pública desde que enviuvou.

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‘Ela sempre teve muita predisposição ao cuidado com sua imagem, com uma vaidade quase exacerbada, pouco vista em mulheres de hoje em dia, tudo isso combinado com uma exigência intelectual consigo mesma que sempre chamava atenção’, aponta a jornalista Sandra Russo, autora da biografia autorizada ‘La presidente’ (que ainda não foi lançada no Brasil).

Cristina continua ‘se pintando como uma porta’, como uma vez ela mesma comentou, e escolhe suas roupas e acessórios – sobretudo cintos, sapatos e bolsas – com zelo, mas fez importantes transformações no país e mudou o tom de confronto habitual de Néstor Kirchner por uma mensagem conciliadora que a ajudou a vencer resistências.

‘Eu estou acostumada a situações de extrema pressão e a não perder a calma. Sou resistente à pressão psicológica e física. E agora, com a dor de Néstor, muito mais (…) Agora tenho que fazer tudo sozinha, mas as coisas me afetam menos, tudo se relativiza, adquire outra dimensão’, reconhece a presidente no livro de Sandra Russo.

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‘Sozinha não consigo’, repetiu em seus discursos nos últimos meses, apelando ao coração dos eleitores e mostrando uma imagem mais próxima, até mesmo frágil, que disparou seu índices de popularidade.

Não em vão, como comentou recentemente o popular produtor argentino Adrián Suar, Cristina é ‘histriônica’ e tem uma notável ‘fibra dramática’.

Uma ‘fibra’ que a acompanha com impecáveis entradas em cena, com falas decoradas, sem um só papel, nas quais, além de evocar a figura de Kirchner – ‘com a dor de uma mulher, mas a compreensão de uma militante política’, como disse recentemente em um ato público – e defender o ‘modelo K’, não hesita em ajustar as contas pendentes com empresários, sindicalistas e oposição.

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Com mão firme, retirou do caminho os colaboradores incômodos e afastou prudentemente da primeira linha personagens próximos, mas polêmicos.

Seus inimigos políticos foram neutralizados, como o vice-presidente Julio Cobos, que chegou a flertar com a ideia de substituí-la após enfrentar o governo no conflito do campo em 2008 e que agora procura uma ocupação para sua retirada.

Seus detratores admitem que dificilmente teria chegado à presidência sem Kirchner, mas conseguiu se garantir no poder graças à sua personalidade e experiência política, que começou no final dos anos 1980 e que a levou ao Senado em 1995, como representante da província de Santa Cruz.

Nascida em La Plata (província de Buenos Aires), Cristina conheceu Néstor na universidade e, após seis meses de namoro, se casou com ele em 1975, quando ambos se iniciavam na militância por meio das Juventudes Peronistas.

Após o golpe de Estado que inaugurou a ditadura militar, em 1976, o casal se fixou em Río Gallegos, cidade natal do ex-presidente e onde suas cinzas foram depositadas.

Também foi lá nasceram seus filhos: Máximo, de 34 anos, e Florencia, de 21, a ‘menina mimada’ de Néstor, hoje assídua acompanhante da presidente em suas viagens oficiais. EFE

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