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Venezuela: população enterra parentes em caixões de papelão

Alto custo e a escassez de materiais afetam também o mercado de caixões na Venezuela

Por Da redação
Atualizado em 12 ago 2016, 21h27 - Publicado em 12 ago 2016, 20h58

Os venezuelanos têm tido dificuldades para resolver a vida cotidiana, mas os problemas não terminam na hora da morte, pelo menos para a família do falecido. O alto custo e a escassez de materiais complicam a aquisição de caixões, que, por isso, estão sendo fabricados com madeira barata e até papelão.

Muitos parentes fazem malabarismos para lidar com os gastos de um funeral: se preferirem a cremação à sepultura para não pagar uma cova no cemitério, o velório se reduz de 24 a oito, quatro ou duas horas. Alguns contratam somente o “serviço direto” para o crematório ou túmulo, e há famílias que alugam o caixão apenas para o velório.

Há um mês morreu o irmão de Miriam Navarro, uma dona de casa de 66 anos. “Me senti desesperada. Não tinha a fortuna que a funerária pedia. Se não fosse pela comunidade, teria que enterrá-lo no quintal”, disse Miriam, que mora em um bairro de Maracay, 105 km ao sudoeste de Caracas.

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Com o que seus vizinhos arrecadaram, ela comprou um dos caixões fabricados pelo carpinteiro Ronald Martínez com papelão e MDF, um material comprimido de pó de serra e resina, que é muito mais barato que a madeira. Martínez montou sua funerária há cinco anos, mas há dois teve de começar a fabricar os caixões pela falta de metal para elaborar os de latão, os mais usados na Venezuela pelo alto custo da madeira.

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Trinta fábricas de urnas funerárias do país requerem 450 toneladas de latão mensalmente, mas o abastecimento da Indústria Siderúrgica, estatal, tem sido irregular. “Em um mês só foi entregue 60 toneladas. Temos que recorrer a mercados secundários e isso encarece os custos”, segundo Juan Carlos Fernández, diretor da Câmara Nacional de Empresas Funerárias.

Altos preços

Recostado em um caixão ainda sem pintar, o carpinteiro Martínez, de 40 anos, relembra que há cinco anos um caixão custava 720 bolívares, o preço de um pão de forma hoje. “Um serviço funerário custava 4.500 bolívares, e agora o mais em conta é 280.000, podendo chegar a 400.000, 600.000. É mais caro morrer do que estar vivo”, diz.

Um caixão de latão custa entre 85.000 e 120.000 bolívares, um de MDF ou papelão de 55.000 a 80.000 – o salário mínimo mensal é de 33.000 bolívares na Venezuela.

Trabalhadores carregam um caixão de MDF em Maracay, na Venezuela
Trabalhadores carregam um caixão de MDF em Maracay, na Venezuela (Juan Barreto/AFP)

(Com AFP)

 

 

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