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Covid-19: como Peru se tornou país com maior taxa de mortalidade do mundo

Após revisão de métodos de contagem, número de mortos no país quase triplicou e passou de 70.000 para 180.000 óbitos

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 jun 2021, 13h24

O Peru voltou a ser o país com a maior taxa de mortalidade per capita pela Covid-19 em todo o mundo, depois que o governo revisou o número total de óbitos causados pela doença nesta segunda-feira 31. Com a correção, 111.000 vítimas foram acrescentadas à contagem oficial, quase triplicando o saldo no impacto do coronavírus desde sua chegada ao país.

O número – muito acima das quase 70.000 mortes registradas no último relatório oficial do governo – posicionou o país novamente como o líder da taxa de mortalidade per capita pela doença no mundo, um recorde que o Peru chegou a manter em agosto do ano passado, durante a primeira onda de contágios.

A taxa agora subiu para 551 mortes para cada 100.000 habitantes, superando assim a taxa de países como Hungria e República Tcheca, que no início de maio lideraram o ranking mundial, com taxas de 304 e 283 mortes por 100.000 habitantes, respectivamente.

Em números absolutos, o país registrou 180.764 óbitos desde que a pandemia começou, além de 1,95 milhão de casos. “Acreditamos que é nosso dever tornar pública essa informação atualizada”, disse a primeira-ministra do Peru, Violeta Bermúdez, em entrevista coletiva anunciando o resultado da revisão.

Deficiências estruturais e vacinação lenta

A piora na curva atual de casos começou em dezembro, quando o país foi atingido pela segunda onda. Atualmente, a média móvel de 7 dias é de 4.078 novos casos. Nos hospitais peruanos, no momento, existem 11.988 pacientes com Covid-19.

Entre os principais motivos que explicam como o Peru chegou a esta situação estão os problemas de saúde pública, econômicos e sociais, além da campanha lenta de vacinação. Segundo especialistas, o governo local também cometeu erros de curto prazo que podem ter colaborado para a atual crise.

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No início da pandemia, o Peru apenas tinha 100 leitos de terapia intensiva e 3.000 leitos de hospital. Diante da crise sanitária novas instalações foram construídas e em agosto o país já tinha 18.000 leitos e mais de 1.600 lugares na UTI. Ainda assim, especialistas criticam a falta de investimento na saúde pública nos últimos anos. Em 2017, esse investimento atingiu 4,9% do PIB, de acordo com a última estimativa do Banco Mundial – para efeito de comparação, em 2018, o Brasil investiu 9,51% de seu PIB.

Apesar de ter sido um dos primeiros países do mundo a impor quarentenas nas maiores cidades, determinar lockdowns severos e fechar suas fronteiras, médicos afirmam também que o Peru não investiu o suficiente em testagem em massa e acompanhamento de casos ativos para impedir a propagação do vírus.

Ao mesmo tempo, a imposição de uma das quarentenas mais rígidas da região em março de 2020 potencializou a crise econômica e agravou a situação social. Mesmo com o auxílio emergencial organizado pelo governo, muitas famílias passaram a viver em situação mais precária, que favoreceu o contágio.

A distribuição de cheques e parcelas de auxílio também gerou aglomerações em bancos, uma vez que apenas 38,1% dos peruanos adultos possuem conta registrada. Mercados e feiras também se tornaram pontos de contágio diante da falta de abastecimento gerada pela crise social.

Por fim, a campanha de vacinação avança lentamente, e até agora atingiu apenas 5% da população adulta. Um esquema de corrupção para furar a fila da imunização entre membros do governo ainda comprometeu a organização nacional e prejudicou a confiança da população no Estado.

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Fim do sobe e desce de números?

A retificação no número total de óbitos no Peru foi realizada após as recomendações do grupo de trabalho, formado por membros da sociedade civil e funcionários do setor da saúde, que considerou novos critérios para a identificação de casos de Covid-19 e criou uma nova ferramenta para contá-los.

O grupo propôs modificar os critérios de registro de óbitos na pandemia após determinar que “a metodologia atual tem duas limitações que geram subnotificação no número de mortes por covid-19”.

A partir de agora, o balanço registrará como casos de morte pelo coronavírus aqueles que atenderem a sete critérios técnicos estabelecidos, incluindo infecções confirmadas, mas também um caso provável que apresente vínculo epidemiológico com um caso confirmado.

Também será considerado como óbito na pandemia o caso suspeito de covid-19 que apresentar quadro clínico compatível com a doença, entre outros. Até agora, o governo produzia um relatório diário de mortes causadas pela pandemia que incluía apenas mortes de pacientes sintomáticos que deram positivo para o vírus.

(Com EFE)

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