Roma, 16 jan (EFE).- O número de mortos no naufrágio do cruzeiro Costa Concordia, ocorrido na sexta-feira em águas da ilha italiana do Giglio, aumentou nesta segunda-feira para seis e a companhia proprietária da embarcação, Costa Cruzeiros, reconheceu que houve um ‘erro humano’ cometido pelo capitão.
Em entrevista coletiva concedida em Gênova (noroeste da Itália), onde fica a sede da empresa, o presidente e executivo-chefe da Costa Cruzeiros, Pier Luigi Foschi, declarou que não se pode negar ‘que se tratou de um erro humano’.
Foschi ressaltou que a manobra realizada pelo comandante do navio, Francesco Schettino, de 52 anos, que se aproximou até cerca de 150 metros do litoral da pequena ilha do mar Tirreno, ‘não tinha sido aprovada, nem autorizada pela Costa Cruzeiros’.
O presidente da companhia defendeu a atuação da tripulação e comentou os depoimentos de alguns passageiros, que afirmaram que o comandante abandonou o navio apressadamente sem prestar socorro, dizendo que existem outras declarações que apontam que Schettino ‘fez o que devia’.
Contudo, o comandante permanece sob detenção por ordem da Promotoria de Grosseto, que o investiga por suposto homicídio culposo múltiplo, e espera-se que deponha nesta terça-feira diante do juiz que conduz o caso.
Longe de ser esclarecida, a polêmica pela atuação de Schettino prosseguiu com a publicação de novas informações por vários meios de comunicação italianos, que insistem na hipótese de que decidiu se aproximar tanto da ilha para ‘saudar’ seus habitantes, tocando a sirene, e como um ‘presente’ ao chefe dos garçons da embarcação, que é de Giglio, bem como um ex-comandante da empresa.
Também foi divulgado que a irmã do chefe dos garçons anunciou no mural de seu perfil no Facebook que o Costa Concordia – de 292 metros de comprimento, 114 mil toneladas e que viajava com 4.329 pessoas a bordo – ia passar perto da ilha, o que foi interpretado como uma confirmação da hipótese.
Em frente à costa de Giglio continuaram os trabalhos de resgate para localizar 15 pessoas, embora durante o dia as operações tenham sido interrompidas durante algumas horas depois que os mergulhadores ouviram um barulho muito forte e foi constatado um aumentado no grau de inclinação do navio.
Os trabalhos de resgate continuarão nesta terça, após terem sido suspensos durante a noite, enquanto é cada vez maior a preocupação com o dano ambiental que a tragédia pode ocasionar, já que o interior da embarcação ainda abriga 2,38 mil toneladas de combustível, que correm o risco de serem lançados ao mar.
A ilha de Giglio faz parte de um parque natural marinho considerado um dos mais importantes ecossistemas do Mediterrâneo e, embora o prefeito da localidade, Sergio Ortelli, tenha afirmado nos últimos dias que não foram registrados vazamentos de combustível, nas últimas horas os helicópteros que colaboram nos trabalhos de resgate detectaram algumas manchas na água.
O ministro do Meio Ambiente italiano, Corrado Clini, anunciou que no próximo Conselho de Ministros declarará o estado de emergência na área afetada, após confirmar que a embarcação está perdendo líquidos, embora não se saiba se é combustível.
Para as tarefas de extração do combustível, nos últimos dias chegou à ilha um grupo de especialistas holandeses da sociedade Smith, que examina o fundo do mar e estuda como dar início à liberação do combustível.
A Costa Cruzeiros calculou nesta segunda-feira que os danos registrados após o naufrágio do navio chegam, por enquanto, a US$ 93 milhões.
‘O impacto direto dos danos foi quantificado em US$ 93 milhões, mas depois será necessário acrescentar uma série de custos que não podem ser calculados e que estão relacionados com a questão dos seguros’, afirmou Foschi. EFE