Corpos de mais de 100 soldados russos são encontrados próximos a Kiev
Segundo Ucrânia, Moscou não respondeu proposta para troca de corpos e, em Moscou, Putin visitou hospital militar pela primeira vez desde o início da guerra
Os corpos de pelo menos 137 soldados russos que morreram na tentativa de capturar Kiev, capital da Ucrânia, estão sendo enterrados ao redor das aldeias ocupadas durante a ofensiva.
“Os corpos que encontramos mostram que o Exército russo trata seu próprio povo como lixo, como bucha de canhão. Eles não precisam de seus soldados. Eles jogam seus corpos aqui e recuam”, disse o coronel ucraniano Volodymyr Liamzin à rede BBC.
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Os restos mortais dos combatentes russos encontrados nos arredores de Kiev estão sendo colocados em sacos brancos e todos os itens achados são utilizados para tentativa de identificação, como celulares e fotos.
De acordo com Liamzin, foi feita uma tentativa de troca com o governo russo, que emitiu uma lista dos soldados mortos. No entanto, não há resposta do lado da Rússia para coletar os corpos de seus soldados.
O número de baixas de ambos os lados da guerra ainda é incerto e, de acordo com famílias ucranianas, o próprio governo ucraniano também não tem feito muitos esforços para recuperar os restos mortais de seus combatentes.
A grande quantidade de mortos do lado russo nos arredores de Kiev pode ter ligação com o suposto padrão das tropas enviadas para o local, que seriam compostas, em sua maioria, por jovens e inexperientes.
Segundo moradores da região, muitos restos mortais foram enterrados pelos próprios cidadãos por razões sanitárias enquanto aguardavam a chegada da equipe do coronel Liamzin para a retirada.
Já em território russo, o presidente Vladimir Putin visitou pela primeira vez desde o início da guerra um hospital militar em Moscou nesta quarta-feira, 25, e aproveitou para anunciar uma série de novas medidas de bem estar social e benefícios militares. O esforço é uma tentativa de mostrar às suas tropas de que ele está ciente dos desafios enfrentados no quarto mês de conflito.
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Em vídeo divulgado pelo Kremlin, Putin caminha pelas alas do hospital ao lado de seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, cumprimentando pacientes feridos. Mais tarde, a emissora estatal mostrou o presidente reunido com funcionários do alto escalão na sede do governo. Durante a reunião, ele anunciou o aumento de pagamentos dos militares alocados na Ucrânia e que pretende dobrar o subsídio de assistência infantil dado às mulheres nas Forças Armadas.
“Eles são todos heróis. Cada um deles está expondo sua vida a um perigo mortal, fazendo isso conscientemente, e eles devem ser tratados como tal, como heróis”, disse o presidente russo.
Putin prometeu ainda medidas mais amplas de bem estar social, mesmo quando repetiu sua insistência de que a economia russa não estava sofrendo tanto quanto alguns previam no início da guerra. Segundo ele, as pensões para os idosos que não trabalham, juntamente com o salário mínimo, serão aumentadas em 10% no próximo mês.
O Ministério da Defesa da Rússia não divulga o número de baixas na guerra desde 25 de março, há dois meses. Na ocasião, 1.351 militares haviam sido mortos na Ucrânia.