Coronavírus: ao menos 23 mortos em rebelião em presídio de Bogotá
País tem 231 casos confirmados de Covid-19 e duas mortes; governo decretou quarentena a partir desta terça-feira
Ao menos 23 pessoas morreram em uma rebelião em um dos maiores presídios de Bogotá, na Colômbia, em meio à crise vivida pelo país por causa da pandemia do novo coronavírus. Segundo o Ministério da Justiça, 83 detentos ficaram feridos na prisão La Modelo.
Protestos e rebeliões foram organizados em diversos presídios pelo país neste domingo 22 contra as péssimas condições de saúde e a superlotação das cadeias. Ao menos 13 penitenciárias registraram distúrbios.
A pior rebelião foi registrada em La Modelo, na capital. Familiares dos detentos se reuniram do lado de fora da prisão, enquanto tiros eram disparados e colchões eram incendiados no interior do estabelecimento.
A ministra da Justiça, Margarita Cabello, afirmou que está investigando as denúncias, mas disse que até o momento não foram reportadas irregularidades. “Não há nenhuma infecção, nem nenhum prisioneiro ou funcionário com coronavírus”, disse.
De acordo com Cabello, há 32 detentos e 7 funcionários feridos no hospital, entre eles dois guardas que estão em estado grave. O Ministério afirmou que alguns dos presidiários podem ser denunciados por tentativa de homicídio e dano à propriedade pública.
As 132 prisões da Colômbia têm capacidade para receber 81.000 presos, mas abrigam atualmente mais de 121.000 detentos, segundo dados do próprio Ministério da justiça. Até o momento, há 235 casos confirmados de coronavírus no país e duas mortes.
O governo decretou o início de uma quarentena em todo o país a partir de terça-feira, 24 com expectativa de duração de 19 dias. A medida restringirá o movimento de todos os cidadãos, com exceção de funcionários da área da saúde, forças de segurança e trabalhadores de farmácias e supermercados.
Desde que o conflito armado vivenciado no país com a ascensão das Farc encolheu, a prisão de La Modelo não era palco de cenas de tanta violência como as vistas neste final de semana. Durante os períodos de mais conflito há duas décadas, a prisão era dividida em pátios controlados pelas guerrilhas, paramilitares e redes de tráfico de drogas.
A situação deste domingo levou a uma reunião de emergência entre forças de segurança, o Ministério da Justiça e da Defesa nesta segunda-feira, 23. Entre as medidas estudadas pelo governo está a instauração de uma emergência carcerária no país, que daria mais poder ao Estado para transferir detentos entre penitenciárias, isolar cadeias e solicitar auxílio de autoridades judiciais, sanitárias e de emergência para lidar com os conflitos.