Contra China, Espanha vai investir R$ 50 bilhões na América Latina
Aporte faz parte de esforço liderado pela UE para reativar relações político-econômicas com a região, a fim de combater influência chinesa e russa
A União Europeia deseja retomar as relações com os países da América Latina para combater a forte influência da China e a aproximação da Rússia na área, de acordo com um documento divulgado nesta terça-feira, 23, pela mídia local. O esforço contará com um investimento de R$ 50 bilhões da Espanha na região.
Com 33 países e cerca de 700 milhões de habitantes, a América Latina nunca deixou de receber recursos e de estabelecer acordos com a União Europeia, sua principal investidora e terceira parceira comercial, atrás apenas de China e Estados Unidos. Bruxelas, no entanto, pretende expandir seu poder de influência na região ao estabelecer um órgão permanente de relações com os países latinos.
“A União Europeia também pode aproveitar os investimentos de qualidade para ajudar a fazer frente às necessidades de infraestrutura física da América Latina e do Caribe, ao mesmo tempo em que cria valor agregado local e apoia o desenvolvimento de capital humano”, aponta o documento divulgado pelo jornal espanhol El País.
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Somando-se à ofensiva diplomática, Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, órgão executivo do bloco, planeja um périplo pelo Brasil, México, Argentina e Chile, ao passo que organiza um programas de investimentos, que já desfruta de 9,4 bilhões de euros (R$ 50,2 bilhões) do governo da Espanha.
Apesar do valor empenhado por outros países membros ainda não ter sido divulgado, acredita-se que os montantes devem se aproximar do ofertado pelos espanhóis.
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O documento obtido pelo El País foi organizado pela União Europeia e elaborado pelo Serviço de Ação Exterior, que é comandado pelo alto representante para Política Externa, Josep Borrell. Marcada para os dias 17 e 18 de julho, em Bruxelas, a cúpula UE-Celac (Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe) debaterá as propostas estabelecidas no texto.
Primeira reunião do grupo em oito anos, o evento inaugura a presidência espanhola do Conselho Europeu, que pretende estruturar laços estáveis com as nações latinas e com o Caribe, bem como reativar as cúpulas em locais estratégicos, como Brasil e México. Previsto para 2025, o próximo encontro da cúpula pode ser realizado na Colômbia, como forma de reafirmar o vínculo com a entidade.
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A pandemia de Covid-19 e a invasão russa à Ucrânia intensificaram os alertas para a União Europeia sobre sua dependência dos insumos de Pequim e Moscou. Os líderes da organização passaram, então, a procurar por novos parceiros comerciais mais alinhados aos seus valores, sendo a América Latina uma opção vantajosa por reunir áreas ricas em recursos e minerais essenciais.
Entre as propostas da União Europeia está o retorno de acordos comerciais, como com o Mercosul. As negociações entre as regiões foram pausadas após objeções de membros do bloco, principalmente devido às políticas ambientais do ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Bruxelas busca, ainda, oficializar o pacto UE-Chile, bem como completar os tratos já firmados com a América Central e com o eixo Colômbia-Peru-Equador, tendo como pilar o “respeito mútuo e a cooperação”.