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Consumismo ganha espaço na comunista Cuba

Por Por Carlos Batista
20 fev 2012, 13h53

A decisão do varejista de alta qualidade Victorinox de abrir uma loja uma loja em Havana deixou muitas pessoas supresas.

Quem, em uma Cuba sem dinheiro, seria capaz de bancar os luxuosos talheres do empório suíço, as bagagens polidas e relógios de precisão?

Muita gente, ao que parece.

“Vendemos para turistas da Rússia, China, México e Venezuela – eles dizem que os preços aqui são menores que em outros países”, disse à AFP um funcionário da loja, aberta há pouco mais de um ano.

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Não é apenas para estrangeiros: um número crescente de cubanos com acesso a dólares também tem recursos para comprar ali.

Alguns obtêm suas receitas em restaurantes geridos pelo setor privado onde turistas pagam suas refeições com moeda forte. Outros ganham dinheiro graças à generosidade dos parentes que vivem no exterior e enviam dinheiro de tempos em tempos.

Em resumo, 14 meses depois de sua grande abertura, os negócios vão bem na Victorinox e outras lojas ocidentais em um dos últimos pontos do capitalismo marxista.

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Em um sinal de que o comunismo está desacelerando, dando lugar para o consumismo, outras lojas estão se instalando na ilha, com nomes familiares nos shoppings centers em todo mundo, como Mango, Benetton e Adidas.

É o que um oficial cubano chamou de “reestruturação” do que até relativamente pouco tempo atrás era uma sociedade sem classes.

“Há uma lenta redistribuição da riqueza,” disse o economista do governo que pediu anonimato.

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Mesmo as louças mais baratas da Victorinox são caras para a maioria dos cubanos, onde o pagamento mensal – o mesmo para todos os trabalhadores assalariados na ilha comunista – é de cerca de 18 dólares por mês.

E ainda, uma maratona de compras na loja não é mais impossível para muitos cubanos, disse Ariel Terrero, um famoso economista, que também observou um realinhamento nítido na sociedade cubana.

Terrero, em declarações na televisão estatal na semana passada identificou quatro estratos distintos na sociedade cubana hoje: de renda baixa, média, média alta e alta.

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Há numerosas razões para o dramático realinhamento da ordem social de Cuba.

As reformas do presidente Raul Castro na metade da década levaram à criação de um espaço para os negócios privados respirarem um pouco mais, o que aumentou a renda e o consumo de muitas famílias.

Castro – que sucedeu seu irmão, o mais ideologicamente puro revolucionário, Fidel Castro, em agosto de 2006 – introduziu reformas econômicas, permitindo a venda de casas e carros e a venda de materiais de construção, o que está colocando mais dinheiro em circulação.

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Na mesma época, os Estados Unidos suavizaram suas normas de longa data, tornando

um pouco mais fácil para os americanos com parentes em Cuba enviar dinheiro para seus entes queridos na ilha.

Médicos cubanos, por exemplo, que frequentemente são enviados para o exterior em missões de ajuda para o governo de Havana, também encontram maneiras de enviar moedas estrangeiras para seus parentes.

Moedas fortes também chegam às mãos de mais cubanos graças à incipiente indústria do turismo.

Em 2011, os próprios cubanos se tornaram o segundo maior grupo de turistas na ilha depois dos canadenses. Cerca de três milhões de cubanos passam a noite em hotéis da ilha – 93.400 em hotéis cinco estrelas onde um quarto pode custar mais de 100 dólares por noite.

O fluxo de caixa também é sentido nas anteriormente desbotadas vizinhanças de Havana que estão mais bonitas depois décadas de decadência e abandono.

“De repente, você pode pagar, pela primeira vez para consertarem sua casa, comprar comida e pagar uma modesta comemoração de aniversário,” disse o oficial cubano que pediu para não ser identificado.

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