Genebra, 12 abr (EFE).- O Conselho Nacional Sírio (CNS) denunciou nesta quinta-feira que o Governo de Damasco está aplicando o cessar-fogo de ‘forma parcial’, dado que a repressão continua e o armamento pesado não foi retirado das áreas povoadas.
‘Os disparos cessaram em grande escala, mas não totalmente’, assinalou o responsável pelas relações internacionais do CNS, Bassma Kodmani, quem denunciou três mortes nesta quinta-feira, duas em Idleb e uma em Hama, e ‘dezenas de detenções’.
A ativista lembrou que o plano estabelecido pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, para o fim das hostilidades na Síria incluía a retirada dos tanques das cidades, ‘o que não ocorreu’.
Kodmani explicou que suas fontes contaram que há ‘batidas maciças’ nas cidades de Aleppo, Dera e Homs e por enquanto contabilizam 20 detenções na primeira localidade citada e ao menos dez na segunda.
Como ressaltou a ativista, o plano estabelecido pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, previa o fim das hostilidades na Síria às 6h (0h de Brasília) desta quinta-feira, incluindo a retirada dos tanques das cidades, ‘o que não aconteceu’.
‘Os tanques não deixaram o centro das cidades como estava previsto no plano de Annan. Os tanques estão posicionados em áreas povoadas, exatamente como há três semanas’.
‘Não há nenhuma evidência de uma retirada efetiva’, concluiu a ativista.
Kodmani acrescentou que se ‘multiplicaram’ o número de controles militares em todo o país e que estes estão ‘fortemente armados’.
‘O regime volta a sua estratégia dos primeiros meses, quando não bombardeava o povoado, mas detinha pessoas e desaparecia com elas diariamente’.
A ativista pediu mais uma vez à comunidade internacional que pressione o regime para que o obrigue a cessar todas as hostilidades e que não reprima a liberdade de manifestação dos cidadãos.
‘A prova real para o regime é se permitirá ou não as pessoas saírem livremente às ruas para manifestarem-se pacificamente’, especificou Kodmani, quem esclareceu que se este extremo acontecer, o CNS pedirá a presença o mais rápido possível do grupo de observadores internacionais, contemplado também no plano de Annan.
‘A presença dos observadores é nossa primeira prioridade’, declarou.
Uma vez estejam no país, chegaria a hora de começar o diálogo político, mas o responsável pelas relações internacionais deixou claro que o CNS nunca negociará com Assad nem com ninguém de seu Governo.
‘O objetivo que não renunciaremos é a saída do poder de Bashar al Assad e de toda a estrutura de segurança que o cerca. Nós não negociaremos com eles’, afirmou com firmeza.
Desde o início do conflito sírio há um ano, mais de 9 mil pessoas morreram, 200 mil tiveram de abandonar suas casas e buscar refúgio no interior e outros 30 mil refugiaram-se em países vizinhos. EFE