Conselho de Segurança da ONU rejeita resolução apresentada pela Rússia
Documento pedia ajuda à proteção de civis na Ucrânia, porém não citava o papel do país na crise
O Conselho de Segurança das Nações Unidas recusou nesta quarta-feira, 23, um pedido da Rússia para acesso à ajuda e proteção civil na Ucrânia. O documento, que não cita o papel do Kremlin na crise, recebeu apenas dois votos a favor – da própria Rússia e da China.
“Se a Rússia se importasse com a situação humanitária, pararia de bombardear crianças e acabaria com suas táticas de cerco. Mas não o fizeram”, disse a embaixadora do Reino Unido na ONU, Barbara Woodward, ao conselho após a votação, acusação constantemente negada pela Rússia.
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Para que uma resolução seja aprovada no Conselho de Segurança ela precisa de, no mínimo, nove votos a favor e não pode ser vetada por Rússia, China, Reino Unido, Estados Unidos e França, que são membros permanentes.
Na última sexta-feira, Moscou cancelou uma votação planejada no Conselho depois de acusar países ocidentais de uma campanha de “pressão sem precedentes” contra a medida, alegação negada pelos Estados Unidos.
A Ucrânia e seus aliados ocidentais estão planejando colocar um projeto de resolução semelhante em votação ainda nesta semana na Assembleia Geral, composta por 193 membros onde nenhum tem poder de veto. Embora não sejam vinculativas, as resoluções têm um grande peso político.
“Em um mês, a Rússia causou uma das catástrofes humanitárias que mais crescem no mundo”, disse a embaixadora americana nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, à Assembleia Geral nesta quarta-feira.
Em resposta, a África do Sul pretende lançar um projeto de texto que rivalize com o da Ucrânia, porém sem citar a Rússia. No entanto, a proposta ucraniana já conta com o apoio de 88 membros, enquanto o sul-africano conta com apenas seis, incluindo a China.
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O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, acusou a Ucrânia de realizar “outro show político anti-russo” na Assembleia Geral e pediu aos países que votem a favor do projeto de resolução sul-africano, dizendo que “enviará um sinal à população pacífica da Ucrânia de que as Nações Unidas estão cientes de sua situação e querem ajudar”.
Em contrapartida, o chanceler ucraniano, Sergiy Kyslytsya, apelou aos membros para que votem juntamente ao país, de forma a se opor à guerra. A Ucrânia e seus aliados têm buscado aumentar a quantidade de votos a favor para pressionar ainda mais a Rússia nas Nações Unidas.
Em 2 de março, um documento que lamentava a agressão russa ao país vizinho conseguiu 141 votos a favor. Na ocasião, a própria Rússia, Belarus, Eritreia, Coreia do Norte e Síria votaram contra, ao mesmo tempo que outros 35 Estados, incluindo a China, se abstiveram.