Conselho de Segurança da ONU faz reunião de urgência sobre a Síria
Encontro foi convocado para discutir o massacre desta sexta-feira em Hula
O Conselho de Segurança da Nações Unidas (ONU) realiza neste domingo uma reunião de emergência para discutir o conflito da última sexta-feira na localidade síria de Hula, informaram fontes diplomáticas. Forças do presidente Bashar Assad dispararam contra civis que protestavam contra a ditadura local, deixando dezenas de mortos.
A ofensiva do último dia 25 foi considerada um massacre e uma das mais sangrentas desde o início da revolta popular contra o governo de Assad, em março de 2011. Um total de 116 pessoas morreram, anunciou neste domingo o chefe dos observadores das Nações Unidas na Síria, general Robert Mood, durante a reunião. Trezentas pessoas ficaram feridas, acrescentou.
Segundo Mood, as autoridades sírias negam a autoria da matança, que deixou a comunidade internacional indignada. Ele informou também que as mortes foram provocadas por estilhaços e tiros a queima-roupa, citando diplomatas.
O general, que dirige a missão das Nações Unidas na Síria, advertiu para a possibilidade da deflagração de uma “guerra civil” após o incidente em Hula, situada no centro da província de Homs. Mood fez um apelo no sábado para que o governo sírio abandone o uso de artilharia pesada e que ambas as partes suspendam a violência, em qualquer forma.
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A reunião – Fontes indicaram que os quinze membros do Conselho, presidido neste mês pelo Azerbaijão, abordaram na reunião a proposta da França e do Reino Unido para condenar o massacre. O CS é o principal órgão de decisões em segurança no mundo.
O agravamento da crise síria, evidenciada por este último episódio de violência, gerou uma onda de críticas internacionais contra o regime de Damasco. Debilitou ainda o plano de paz aprovado em abril e proposto pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou neste sábado o massacre e pediu ao governo de Bashar Assad o fim imediato do uso de armamento pesado contra os cidadãos. Além disso, assinalou que Annan entrou em contato com as autoridades sírias para lhes comunicar as expectativas da comunidade global. Ki-Moon acrescentou que Annan fará isso novamente em sua próxima visita ao país.
Annan tinha previsão de viajar pela segunda vez à Síria, a partir desta segunda-feira, para avaliar o acordo assinado há mais de um mês pelas partes que estipulava um cessar-fogo que foi descumprido sistematicamente. O ex-secretário-geral da ONU também tinha reuniões marcadas com Assad e líderes da oposição.
EUA e Rússia – O jornal americano ‘The New York Times‘ informou que os Estados Unidos buscam o apoio da Rússia para um plano de transição para a Síria similar ao realizado no Iêmen, onde o presidente Ali Abdullah Saleh aceitou renunciar e ceder o poder a seu vice-presidente, Abdo Rabbo Mansour Hadi – um líder de transição que tem dois anos para reformar a Constituição e convocar eleições gerais. O objetivo seria conseguir uma solução que satisfaça à oposição síria sem eliminar todo o governo de Assad.
A Rússia bloqueou até agora todas as resoluções no Conselho de Segurança da ONU nas quais se propôs a saída de Assad para iniciar a transição no país.
O ‘The New York Times‘ relatou também que, durante a Cúpula do G8, realizada na semana passada em Camp David (Maryland), o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, mostrou-se “receptivo” à proposta do presidente americano, Barack Obama, de levar em conta a transição no Iêmen como modelo para a Síria.
(com EFE e Agence France-Presse)