A polícia reprimiu nesta sexta-feira quaisquer tentativas de reunião dos partidários de Etienne Tshisekedi em um estádio de Kinshasa, onde o opositor, que se auto-proclamou “presidente eleito” da República Democrática do Congo, queria “fazer seu juramento” após rejeitar a reeleição do chefe de Estado Joseph Kabila.
Pela manhã, as autoridades declararam proibida a manifestação prevista para acontecer no Estádio dos Mártires às 10H00 (7H00 de Brasília).
“Não haverá manifestação, ela está interditada. Já temos um presidente eleito que fez o juramento. Não se pode fazer mais um juramento, isso é um ato de subversão. Precisamos impedir este ato contrário à Constituição”, declarou à AFP uma fonte próxima do chefe da polícia.
As forças de ordem rapidamente bloquearam o bairro Limete, onde fica a casa de Tshisekedi, a sede de seu partido, a União pela Democracia e o Progresso Social (UDPS).
Os jornalistas foram impedidos de se aproximar da residência do opositor e os agrupamentos de partidários foram dispersos pela polícia, que utilizou gás lacrimogêneo e realizou prisões.
Perto do estádio, quatro veículos da Guarda Republicana, além de várias patrulhas e carros blindados com policiais, faziam guarda e dispersavam com gás todos que tentavam se aproximar.
Os manifestantes chegavam individualmente a pé e gritavam “Tshisekedi presidente”, antes de serem expulsos. Dezenas de pessoas foram detidas.
“O Congo não votou por Kabila. Eles nos tratam como se fôssemos estrangeiros. O presidente legítimo é Etienne Tshisekedi, e é nele que votamos. Nós escutamos a voz de nosso presidente e queremos entrar no estádio. Não podemos ter dois presidentes no Congo”, explicou um homem à AFP.
“Nós estudamos, mas não existe futuro para os jovens. Escolhemos Tshisekedi livremente, sem pressão. Ele tinha um programa social e é por isso que votamos nele”, acrescentou outro partidário.
O convite para a “cerimônia de juramento do presidente eleito” Tshisekedi, intitulado “Presidente da República, protocolo de Estado”, detalhava o cronograma da manhã, incluindo a chegada programada de “oficiais militares e da polícia nacional”, “juízes”, “embaixadores” e “presidentes e delegações dos países amigos”.
O adversário de 79 anos declarou-se “presidente eleito”, depois de rejeitar os resultados da eleição presidencial do dia 28 de novembro. Na ocasião, várias irregularidades foram denunciadas por missões de observação de outros países.
O atual presidente Joseph Kabila foi oficialmente reeleito com 48,95% dos votos contra 32,33% de seu opositor.
O chefe de Estado foi empossado na terça-feira quando fez juramento em Kinshasa.