Confrontos no Sudão do Sul deixam mais de 400 mortos
Secretário-geral da ONU expressou preocupação com segurança no país
Entre 400 e 500 corpos foram levados para hospitais de Juba, capital do Sudão do Sul, após confrontos entre facções rivais, informou nesta quarta-feira um funcionário da ONU ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. O chefe da missão de paz, Hervé Ladsous, revelou que outras 800 pessoas ficaram feridas nos confrontos entre tropas leais ao presidente Salva Kiir e combatentes ligados as líder opositor Riak Machar. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, telefonou para Kiir e pediu ao presidente para colaborar na proteção dos civis sul-sudaneses.
Hervé Ladsous afirmou que o número é baseado em informações fornecidas pelos hospitais de Juba. A ONU ainda não confirmou um número exato de vítimas devido aos novos confrontos desta terça. Tiros e explosões foram ouvidos ao longo da madrugada desta quarta-feira, apesar do cessar-fogo decretado às 18 horas (12 horas no horário de Brasília). Confrontos continuavam sendo registrados em vários bairros da cidade e parte da população tentava fugir com medo dos combates.
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Desde que os conflitos explodiram no domingo, cerca de 15.000 pessoas já buscaram abrigo nas instalações da ONU, na periferia de Juba, afirmou o chefe da missão de paz. Juba se mantém em um clima “extremamente tenso” e tudo indica que que os confrontos envolveram diferentes grupos étnicos – disse Ladsous ao Conselho de Segurança.
Sudão do Sul
Salva Kiir é acusado pelas tropas leais ao ex-vice-presidente Riek Machar de estar fomentando um golpe de Estado no país. O governo informou que dez autoridades, incluindo ex-ministros, foram detidas, mas Riek Machar está foragido. Em julho, o presidente Kiir demitiu seu vice e todo o governo, em meio a rivalidades entre os dois políticos e dissensões dentro do regime, formado por ex-rebeldes que conquistaram a independência do Sudão, em julho de 2011.
Kiir está no poder desde um acordo de paz assinado com Cartum, capital do Sudão, em 2005, que terminou com décadas de guerra civil e levou à independência do Sudão do Sul. O presidente Salva Kiir é da etnia Dinka, e Riek Machar é Nuer, e a população teme agora confrontos entre as duas comunidades. Agências internacionais de notícias relataram episódios de violência de militares fieis ao governo contra membros da comunidade Nuer em Juba.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, falou com Salva Kiir nesta terça e lhe pediu que ofereça “diálogo” à oposição. Ki-moon também conversou sobre o assunto com o presidente do vizinho Uganda, Yoweri Museveni. Ban Ki-moon expressou sua “preocupação com os relatórios sobre ataques contra membros de algumas comunidades”, revelou o porta-voz da ONU Martin Nesirky, acrescentando que “todos os civis devem ser protegidos, não importa sua etnia”.
(Com agência France-Presse)