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Condenado por estupro coletivo na Índia culpa a vítima

Um dos criminosos condenados pelo estupro coletivo de uma estudante em um ônibus em Nova Délhi aparece em documentário sobre o caso. Declarações provocaram indignação

Por Da Redação
3 mar 2015, 18h26

Um dos condenados à morte pelo pavoroso estupro coletivo e morte de uma estudante de 23 anos em um ônibus em Nova Délhi, em dezembro de 2012, culpou a vítima e disse que ela poderia ter sobrevivido se não tivesse resistido ao ataque. O depoimento de Mukesh Singh, o motorista do ônibus onde o crime brutal ocorreu, faz parte de um documentário sobre o caso filmado pela cineasta britânica Leslee Udwin.

O criminoso ousou dizer que a estudante não deveria ter saído de casa à noite. “Uma garota é muito mais responsável por um estupro do que um rapaz”. A jovem estudante Jyoti Pandey e um amigo estavam voltando para casa depois de uma sessão de cinema quando entraram em um ônibus clandestino onde estavam outros seis homens. Eles espancaram o colega de Jyoti e a estupraram. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu depois de ser hospitalizada.

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Singh e outros três homens foram condenados por assassinato e estupro por um tribunal em 2013. Na época, eles confessaram o ataque, mas depois disseram terem sido torturados para admitir o envolvimento. Eles recorreram, mas aguardam uma decisão da Suprema Corte.

Indignação – O ministro do Interior, Rajnath Singh, pediu explicações às autoridades penitenciárias indianas para saber como a entrevista foi autorizada uma vez que ainda há recursos em análise. Citando fontes do ministério, o site India Today afirmou que governo considerou que nenhuma divulgação da “visão arcaica de um estuprador” deveria ser encorajada. Indignados com as afirmações feitas pelo condenado à morte, ativistas criticaram a divulgação das declarações. Diante da repercussão, as autoridades ordenaram as emissoras a não transmitir o documentário ou reportagens sobre o filme.

A responsável pelo documentário defendeu seu trabalho: “Assistam ao filme: não há sensacionalismo. Não se trata de dar uma plataforma para estupradores”, disse Leslee. “Eu espero que as pessoas assistam e entendam e mudem. Não há sentido em esconder a dor”, acrescentou, em declaração reproduzida pelo jornal britânico The Guardian.

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A emissora NDTV, que planejava transmitir o documentário no próximo domingo, Dia Internacional da Mulher, promoveu um debate sobre o filme com a participação dos pais da vítima e da cineasta. “Um condenado na cadeia desafia as mulheres ao dizer que elas não devem sair de casa depois das 9 horas da noite”, disse Asha Singh, mãe da estudante que foi alvo do ataque repugnante. “Em nossa sociedade, pessoas assim não têm mais medo da lei”.

“Minha integridade e meu objetivo ao fazer este filme foram totalmente honestos. Eu mesma fui vítima de estupro. Isso não é vergonha para mim; a vergonha é para os estupradores. O filme tenta mostrar que a doença não são os estupradores, ela está na sociedade”, afirmou Leslee.

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(Da redação)

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