Moscou, 17 jan (EFE).- Os comunistas russos retomarão no próximo sábado os protestos antigovernamentais após receberem nesta terça-feira a autorização para congregar milhares de partidários no centro de Moscou para contestar o atual primeiro-ministro, Vladimir Putin, que concorrerá às eleições presidenciais de março.
A manifestação, a primeira grande desde o grande protesto de 24 de dezembro passado, que reuniu quase 100 mil pessoas para denunciar fraudes no pleito parlamentar, será realizada na praça Manezh, nas imediações do Kremlin, segundo as agências de notícias russas.
O Partido Comunista da Rússia (PCR) exigirá ao primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, que deixe o cargo provisoriamente para participar da campanha eleitoral, mas o governante se nega a fazê-lo, alegando que não tem obrigação legal para isso.
Os organizadores do protesto pretendem pedir a renúncia do chefe da Comissão Eleitoral Central, Vladimir Churov, acusado pela oposição de manipular os resultados das eleições parlamentares do dia 4 de dezembro passado em favor da vitória do partido de Putin, o Rússia Unida.
Os comunistas se antecipam assim à manifestação convocada pela oposição não parlamentar para o dia 4 de fevereiro, pois consideram que ficar muito tempo sem sair às ruas para protestar poderia esfriar os clamores populares dos indignados russos.
O líder do PCR, Gennady Zyuganov, assinou nesta terça-feira um acordo com a esquerda não parlamentar da Frente de Esquerda (FI) para as eleições presidenciais, às quais Putin concorrerá como candidato governista.
Zyuganov, cujo partido foi o segundo mais votado nas parlamentares de 4 de dezembro, acertou com o líder do FI, Sergei Udaltsov, que, caso seja eleito presidente, aplicará algumas das reivindicações opositoras.
‘O que tem mais chances de vencer (Putin) as eleições é Zyuganov. É preciso apostar nele, mesmo que não se compartilhem todos seus pontos de vista’, disse Udaltsov.
Entre outras coisas, o presidenciável comunista se comprometeu a avançar a reforma da lei eleitoral, a redução da duração dos mandatos presidenciais – que agora serão de 6 anos -, e a cessão ao Parlamento de algumas das faculdades do chefe de Estado.
Ele também se pronunciará a favor da modificação dos requisitos para a formação das comissões eleitorais e o registro de partidos, e prometeu a libertação dos presos políticos. EFE