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Como Trump e Hillary irão tratar a América Latina (e o Brasil)?

'É possível que aumente a pressão para abrir o mercado brasileiro em algumas áreas e que haja alguma retaliação', diz especialista

Por Julia Braun
24 jul 2016, 21h10

A disputa que elegerá o novo presidente dos Estados Unidos já está definida. Donald Trump já é oficialmente o candidato republicano e Hillary Clinton será coroada a concorrente democrata na convenção que começa sesta semana. Agora, a já exaltada corrida, marcada por declarações fortes de ambos os lados, deve se tornar ainda mais aguda. Tirando a baixaria, a parte positiva é que haverá nas campanhas e na imprensa a ampliação dos questionamentos das plataformas de governos. Sobre política externa, ambos os candidatos possuem posturas distintas, que podem ter reflexos para a América Latina e, mais especificamente, para o Brasil.

Enquanto Hillary deve fazer alterações sutis na política de pouca interferência externa de Barack Obama, Trump aponta para propostas isolacionistas, que colocam a segurança e a economia americana em primeiro lugar e que barram a imigração ilegal nos Estados Unidos. Com declarações preconceituosas contra os latinos que vivem em seu país e a promessa de construir um muro na fronteira com o México, o bilionário despertou o ódio de cidadãos por toda a América Latina.

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Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Oklahoma, Alan McPherson, a eleição do magnata poderia prejudicar as relações dos Estados Unidos com os países latinos. “Só consigo imaginar, por exemplo, o quão tensa seria a Cúpula das Américas e que várias visitas de chefes de Estados da América Latina a Washington seriam canceladas”, afirma.

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Porém, com certeza, o elo bilateral mais afetado seria com o México. Para McPherson, a imigração de mexicanos e centro-americanos e o comércio dos EUA com o país seriam muito prejudicados com o governo de Trump. “A mera presença de Trump na Casa Branca também poderia enviar um sinal para seus milhões de seguidores racistas de que eles estão livres para atacar latinos dentro das fronteiras de os EUA”, afirma o professor.

Já com a eleição da democrata Hillary Clinton, é provável que as políticas americanas em relação à América Latina se mantenham as mesmas do governo Obama. “Ela deve se concentrar em aumentar o comércio e fomentar as relações de amizade em todo o hemisfério”, aposta a professora da Universidade de Boston, Renata Keller.

Venezuela – É certo que qualquer um dos escolhidos pela população americana encontrará, além da imigração ilegal, dois grandes desafios a serem superados na América Latina: o narcotráfico e a crise venezuelana. E para que o país comandado por Nicolás Maduro passe por uma transição de forma estável e pacífica, os americanos devem esperar uma posição ativa do governo brasileiro.

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“Se a Venezuela falir e entrar em guerra civil, o Brasil é um país que vai sofrer diretamente com isso. E os EUA esperam que o Brasil tenha um papel ativo na questão”, afirma o coordenador do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, Gunther Rudzit. E a eleição de Hillary Clinton pode acentuar ainda mais essa questão, já que a democrata tende a ser mais assertiva e dura quando se trata de política externa.

Cuba – Grande parte dos esforços da administração Obama na América Latina nos últimos anos se concentrou na normalização das relações com Cuba e é provável que o próximo presidente dos EUA trabalhe para manter esse vínculo. Até mesmo Donald Trump enxerga os benefícios econômicos que a abertura tem trazido para investidores americanos. “Trump foi um dos poucos candidatos presidenciais republicanos que não ameaçam reverter abertura de Cuba realizada por Obama”, afirma William LeoGrande, da American University, em Washington.

Brasil – De acordo com o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília Antonio Jorge Ramalho da Rocha, as relações entre Brasil e Estados Unidos não devem mudar muito após a eleição do novo presidente. “É possível que aumente a pressão para abrir o mercado brasileiro em algumas áreas e que haja alguma retaliação caso o câmbio continue depreciado, mas serão pressões setoriais, facilmente administráveis pelas burocracias, que se conhecem e se respeitam”, afirma o professor.

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O especialista acredita também que possíveis avanços na política de vistos dos Estados Unidos para brasileiros dependem mais da estabilização política e econômica de nosso país do que do resultado das eleições de novembro. “Enquanto não definirmos quem ficará no poder aqui está tudo parado. O que mais interessa os americanos é realmente a estabilidade econômica e política”, diz.

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