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Como o terror e conflitos raciais afetam a eleição nos EUA

No curto prazo, Trump pode se beneficiar da situação de insegurança. Conforme o tempo passa, a experiência maior de Hillary Clinton leva vantagem

Por Luiza Queiroz
Atualizado em 24 set 2016, 08h03 - Publicado em 24 set 2016, 08h03

O candidato republicano Donald Trump está apenas 3% atrás da democrata Hillary Clinton, na média das últimas pesquisas eleitorais americanas.

Os dois se enfrentam em um debate na próxima segunda-feira, dia 26, e espera-se que as conversas girem em torno dos últimos ataques terroristas em Nova York e Nova Jersey e nos conflitos raciais.

O impacto que esses dois temas podem ter na corrida eleitoral, que termina em novembro, depende do tempo e da atuação dos candidatos.

Segundo a cientista política americana Jennifer Merolla, da Universidade da Califórnia, especialista em comportamento eleitoral, que fez pesquisas sobre o assunto, quando o terrorismo ganha as páginas nos jornais, líderes masculinos republicanos ganham uma percepção mais favorável por parte do público e maiores taxas de aprovação. Os candidatos democratas, por sua vez, são vistos como ligeiramente mais fracos quando a questão do terrorismo está envolvida. “E esse é o caso especialmente para líderes democratas mulheres sem experiência em segurança nacional”, diz Jennifer.

Aplicando o estudo à atual eleição, a conclusão é a de que Donald Trump pode ter tanto um aumento em sua popularidade, quanto manter-se estável. Já Hillary Clinton pode manter-se estável ou sofrer uma queda caso não seja vista como uma líder forte pelo público americano. “Donald Trump tem um plano mais simples, mais fácil de ser entendido, que envolve um bombardeio mais agressivo no exterior e controles de imigração mais rígidos”, diz John Tures, cientista político da Universidade LaGrange, na Georgia. “As políticas de Clinton são mais amplas, mais detalhadas e mais compreensivas”.

Outro fator relevante para as eleições é o momento em que esses ataques ocorrem. Trump é mais bem-sucedido em sua abordagem ao terrorismo a curto prazo, já que o republicano consegue tirar vantagem da sensação de medo instaurada no país.

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A abordagem de Hillary, por outro lado, é mais popular a longo prazo. “Em outras palavras, se as pessoas forem mais temerosas do que estratégicas, elas irão dar mais apoio a Trump”, diz Joshua Sandman, cientista político da Universidade New Haven, nos Estados Unidos.

Desse modo, um ataque terrorista a poucos dias da eleição poderia favorecer o candidato republicano. Porém, se o mesmo incidente acontecesse com uma distância maior do dia de votação, Hillary poderia ter vantagem. “Ela vem tentado enfatizar não somente sua experiência, mas sua seriedade com relação aos assuntos mundiais, que é algo que falta a Donald Trump”, diz David McCuan, cientista político americano da Universidade de Sonoma.

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Os conflitos raciais também desempenham um peso importante na decisão dos eleitores estadunidenses, mas não devem alterar o quadro. Isso porque a população negra, em geral, vota pelos democratas.

Segundo uma pesquisa conduzida pelo Pew Research Center em agosto desse ano, Hillary tem o apoio de 85% dos eleitores negros, enquanto Trump conta com o voto de somente 2% deles.

A esperança de Trump seria o de conquistar o voto daqueles que podem se sentir ameaçados por um cenário de caos. Por causa disso, o discurso do republicano é de garantia da “lei e ordem” e de apoio à polícia. “Ele está procurando mais o restante dos eleitores do que necessariamente querendo ganhar apoio dos negros”, diz Michael Bitzer, cientista político da Universidade Catawba, na Georgia.

Já Clinton deve reforçar seu discurso de que é necessário melhorar a formação dos policiais, bem como seus laços com a comunidade, e deve buscar ganhar o apoio do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em tradução livre), que não declarou apoio oficial a nenhum candidato.

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Para Todd Shaw, cientista político da Universidade da Carolina do Sul, é possível que essas mortes consolidem o apoio dos negros e de outras minorias a Hillary, mas também podem prejudicar a candidata caso ela não apresente medidas mais concretas com relação à violência policial. “Negros e membros de outras minorias vão permanecer sólidos apoiando Hillary ou possivelmente ficarão desanimados já que muito pouco está efetivamente sendo feito para conter a onda de negros que estão sendo mortos pela polícia em circunstâncias suspeitas”.

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