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Como Cherif Kouachi se tornou o homem mais procurado da França

Entregador de pizza e interessado por música, o francês filho de argelinos foi condenado em 2008 por envolvimento com rede que arregimentava jihadistas

Por Da Redação
8 jan 2015, 20h10

Os principais suspeitos de terem cometido o massacre na revista Charlie Hebdo, os irmãos Said e Cherif Kouachi, são conhecidos da polícia francesa, mas não dispararam um alerta sobre planos terroristas. Said só aparece nos documentos policiais de forma periférica, enquanto Cherif foi condenado em 2008 a três anos de prisão, a metade em liberdade condicional, por participar da ‘rede de Buttes Chaumont’, como ficou conhecido o grupo que arregimentava jovens para o jihadismo.

Como Kouachi, descrito como um jovem frágil pelo seu advogado durante julgamento em 2005 se radicalizou, é uma história que infelizmente tem se repetido na França e em outros países do Ocidente.

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Nascido no leste de Paris, filho de um casal de argelinos que morreram quando os irmãos ainda eram crianças, Cherif cresceu num orfanato na cidade de Rennes, no oeste da França. Com um diploma de professor de esportes, ele voltou a Paris e passou a entregar pizzas.

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Num documentário televisivo de 2005, que inclui cenas feitas num centro comunitário de Paris, ele aparece cantando um rap em inglês, vestindo jeans, camiseta e um boné de beisebol virado para trás.

“Ele fazia parte de um grupo de jovens um pouco perdidos, confusos, não realmente fanáticos no sentido da palavra”, disse o seu ex-advogado Vincent Ollivier ao jornal Libération. “Ele não havia realmente pensado muito sobre Islã e não parecia tão determinado”.

Em 2003, ele começou a frequentar uma mesquita, onde conheceu Farid Benyettou, que praticava uma linha estrita salafista e agia na vizinhança como mentor de diversos jovens que haviam começado a frequentar uma mesquita popular no nordeste de Paris, região com muitos imigrantes. Com Benyettou ao seu lado, ele iniciou aulas de oração, começou a assistir vídeos jihadistas e deixou a barba crescer.

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Durante seu julgamento, Cherif disse que Benyettou o ensinara que homens-bombas podiam morrer como mártires. A célula de Buttes Chaumont, liderada por Benyettou, enviou cerca de uma dezena de jovens, todos com menos de 25 anos, ao Iraque.

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Em 25 de janeiro de 2005, Kouachi foi preso quando se preparava para viajar à Síria, a caminho do Iraque, numa ação policial contra a célula que também deteve Benyettou. Cherif foi condenado a três anos de prisão em 2008, mas cumpriu somente 18 meses em duas das prisões francesas mais duras.

No período em que passou atrás das grades, de janeiro de 2005 a outubro de 2006, ele conheceu o homem que se tornaria seu novo mentor, Djamel Beghal, condenado a dez anos de prisão por planejar um atentado em 2001 contra a embaixada dos Estados Unidos em Paris. (Continue lendo o texto)

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Segundo o jornal Le Monde, ao deixar a prisão, Cherif conservou os laços com alguns de seus antigos cúmplices do grupo de Buttes-Chaumont. Em 2010, de acordo com informações de uma divisão antiterror, foi detido por suspeita de participação no planejamento da fuga do terrorista Smain Ali Belkacem, condenado à prisão perpétua por organizar um atentado contra o sistema de transporte de Paris que matou oito pessoas e feriu 120 em outubro de 1995.

No entanto, a polícia ainda tinha poucas evidências concretas contra Cherif além de vídeos radicais e discursos da Al Qaeda encontrados em sua residência e registros que mostravam que ele havia feito pesquisas em sites jihadistas na Internet. Ele foi testemunha na acusação contra outro homem e acabou liberado do caso.

Os próximos dias deverão ser de questionamentos sobre quanta informação a polícia tinha sobre o homem apontado como suspeito do pior ataque terrorista do país em décadas.

Um documento do tribunal sobre aquele caso foi divulgado pela publicação semanal Le Point. “Apesar da sua declarada imersão no Islã radical, do seu demonstrado interesse em teorias que defendem a legitimidade da Jihad armada e da sua relação com certos atores no caso, a investigação preliminar não mostrou o envolvimento de Cherif Kouachi”, diz o documento. “Os procedimentos contra ele serão rejeitados”.

(Com agências Reuters e EFE)

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