Comitê do Senado aprova indicação de escolhido de Trump à Suprema Corte
A nomeação de Brett Kavanaugh ainda deve ser confirmada pelo plenário do Senado dos Estados Unidos
O Comitê Judiciário do Senado dos Estados Unidos, que tem maioria republicana, aprovou nesta sexta-feira, 28, enviar ao plenário da Casa a indicação do juiz Brett Kavanaugh para a Suprema Corte.
Um parlamentar republicano, contudo, exigiu que uma investigação do FBI sobre alegações de agressão sexual contra o escolhido do presidente Donald Trump seja realizada antes da votação final no plenário do Senado.
A comissão aprovou enviar a indicação do juiz federal por 11 votos a favor e 10 contra – todos os republicanos do comitê apoiaram a medida, enquanto todos os democratas se opuseram.
No entanto, o senador republicano Jeff Flake concordou em votar pela indicação com uma condição: a realização da investigação pelo FBI. As preocupações manifestadas por Flake podem atrasar a nomeação de Kavanaugh e prejudicar o Partido Republicano.
O desejo dos republicanos era que o juiz fosse aprovado para o cargo vitalício na Suprema Corte antes das eleições legislativas de meio de mandato, que serão realizadas em 6 de novembro. A legenda acredita que o atraso em confirmar Kavanaugh pode diminuir a confiança dos eleitores no partido.
Apoio
Em resposta à decisão do Comitê, o presidente Donald Trump afirmou que não pensou “nem um pouquinho” a respeito de alternativas, se o Senado não aprovar Kavanaugh.
Ele chamou a audiência em que seu indicado foi sabatinado de “momento incrível” na história do país, mas sugeriu que não está se envolvendo nas negociações do Senado. “Vou deixar o Senado lidar com isso. Eles tomarão suas decisões”, afirmou Trump a repórteres na Casa Branca.
Kavanaugh necessita de que todos os senadores republicanos votem em seu favor para chegar à Suprema Corte ou, caso não haja unanimidade dentro do partido, que algum democrata opte por indicá-lo.
O caso
O juiz foi ouvido no Comitê de Justiça do Senado na quinta-feira 27, pouco depois do depoimento de Christine Blasey Ford, a primeira das três mulheres que o acusaram de assédio sexual. Em seu depoimento, a professora detalhou a agressão da qual foi vítima. Por outro lado, Kavanaugh negou a versão apresentada pela mulher.
Ford afirmou que o ataque aconteceu durante uma festa no subúrbio de Washington, nos anos 1980, quando Kavanaugh estava alcoolizado.
Ele e um amigo, identificado como Mark Judge, teriam empurrado Ford para um quarto e a encurralado em uma cama. Segundo a mulher, Kavanaugh subiu em cima dela e tentou tirar suas roupas, enquanto seu amigo observava.
“Brett me agarrou e tentou tirar minhas roupas. Ele teve dificuldades porque estava muito bêbado e eu estava usando um maiô debaixo das minhas roupas”, relatou Christine ao Senado. “Eu acreditava que ele ia me estuprar”, afirmou.
O juiz jurou ser inocente das acusações. “Bebia cerveja com os meus amigos. Quase todos faziam isso”, disse. “Mas não bebia cerveja até o ponto de desmaiar e nunca ataquei ninguém sexualmente”.
“Minha família e meu nome foram destruídos de forma total e permanente por essas acusações falsas e sem sentido”, declarou Kavanaugh.
Além de Christine, outras duas mulheres acusaram o juiz publicamente de assédio sexual. Debora Ramírez, colega de Kavanaugh na Universidade de Yale, revelou ao jornal The New York Times que ele tirou a roupa, bêbado, durante uma festa em uma residência de estudantes nos anos 1980. Segundo ela, o juiz colocou o pênis em seu rosto e a fez tocá-lo sem seu consentimento, enquanto ela tentava tirá-lo de cima.
A terceira mulher, Julie Swetnick, revelou ter testemunhado abusos contra outras mulheres em festas que os dois frequentavam.
(Com Reuters)