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Com tratamento real, segurança em alerta máximo e o foco no futuro do mundo árabe, Obama inicia visita à Inglaterra

Presidente americano será recebido por William e Catherine, almoçará com a rainha, visitará Westminster e discutirá estratégia com premiê David Cameron

Por Giancarlo Lepiani, de Londres
24 Maio 2011, 07h20

Por causa do temor de algum revide terrorista pela morte de Bin Laden, a visita de Obama a Londres traz um previsível reforço na segurança da cidade. Mas as medidas são pouco visíveis para os moradores

Ele não tem coroa, mas receberá tratamento real em Londres. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deverá discursar no Salão de Westminster durante sua visita de estado à Grã-Bretanha – que começou antes do previsto, na noite de segunda-feira, por causa do temor de que as cinzas de um vulcão na Islândia impedissem seu voo desde a Irlanda nesta terça. A escolha do local do discurso, previsto para quarta, mostra bem a importância concedida à chegada de Obama. O Salão de Westminster tem papel central em quase mil anos de história britânica. A honra de discursar ali costuma ser restrita aos monarcas – os chefes de estado geralmente fazem seus pronunciamentos em outras partes do Parlamento, como a Galeria Real. Antes do americano, só Charles de Gaulle (em 1960), Nelson Mandela (1996) e o papa Bento XVI (2010) tiveram esse privilégio. É só a terceira visita de estado de um presidente americano à Grã-Bretanha em 100 anos.

Antes do discurso de quarta, Obama deve participar de uma série de recepções oficiais nesta terça. Acompanhado da mulher, Michelle, ele deverá se reunir por cerca de dez minutos com o príncipe William e Catherine Middleton no Palácio de Buckingham. O duque e a duquesa de Cambridge acabam de voltar da lua-de-mel e receberão os parabéns de Obama pelo casamento, há pouco menos de um mês. Num encontro recente com o príncipe Charles, o presidente americano disse que o casamento real “fascinou” seu país. Depois do breve encontro com William e Kate – no salão 1844, normalmente usado para receber embaixadores estrangeiros -, começa uma cerimônia de recepção oficial, nos jardins do palácio. Obama e Michelle deverão almoçar com a rainha Elizabeth II e o príncipe Philip. Em seguida a agenda prevê uma visita à Abadia de Westminster, onde Obama deverá depositar uma coroa de flores no Memorial ao Soldado Desconhecido, logo na entrada da nave central. Será a primeira oportunidade para o público ver Obama durante a visita.

Democracia – O roteiro do presidente americano nesta terça prevê ainda uma reunião com o primeiro-ministro David Cameron na residência oficial do premiê, na Rua Downing, a poucos quarteirões da abadia, e um curto encontro com o líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband, já de volta ao Palácio de Buckingham. À noite, a rainha oferece um banquete de estado a Obama, que deverá passar a noite no próprio palácio. A quarta-feira será dedicada à discussão da “relação especial” entre os EUA e a Grã-Bretanha, numa nova reunião com Cameron. Em artigo assinado em conjunto pelos dois mandatários na edição desta terça do jornal The Times, Obama e Cameron não deixam dúvidas sobre qual será o principal assunto da pauta. No texto, eles prometem “apoiar aqueles que levam luz à escuridão, aqueles que buscam a liberdade contra a repressão e aqueles que estão assentando os tijolos da democracia” – referências claras e diretas às revoltas no mundo árabe.

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O artigo publicado no Times sinaliza com o prosseguimento das intervenções militares – seja de forma direta, como na Líbia, ou indireta – nos países em que as manifestações populares forem esmagadas pelos ditadores. “Não ficaremos parados enquanto suas aspirações são esmagadas por balas e bombas. Relutamos em usar a força, mas quando nossos interesses e valores se juntam, sabemos que temos a responsabilidade de agir”, avisam os aliados no texto. De acordo com a imprensa local, o que deve dominar as discussões nesses dois dias é justamente a estratégia a ser adotada para que americanos e britânicos consigam ter uma influência decisiva no processo em curso no mundo islâmico, desde a criação de um estado palestino democrático e viável até a transformação das ditaduras em países árabes em democracias pacíficas. Nas duas missões, há obstáculos gigantescos. Obama e Cameron pretendem definir uma linha a seguir daqui em diante, mas dificilmente conseguirão traçar planos específicos sobre como lidar com a explosiva situação nos países muçulmanos.

Segurança – O tema central das conversas entre os históricos aliados sinaliza ainda uma importante mudança de foco na cooperação entre EUA e Grã-Bretanha. Com Osama bin Laden eliminado e a rede Al Qaeda fragilizada, a guerra ao terrorismo pode ganhar um novo capítulo a partir de agora. Passados dez anos do 11 de Setembro, seria a hora de atacar as causas do radicalismo e impedir que novos grupos terroristas brotem em meio às revoltas árabes. Mas resta resolver ainda a retirada de tropas do Afeganistão, por exemplo. Justamente por causa do temor de algum revide terrorista pela execução de Osama bin Laden, a visita de Obama a Londres provocou um previsível reforço na segurança da cidade. As medidas, porém, são pouco visíveis para os moradores da cidade, que não notaram grandes mudanças. De acordo com os policiais que vigiavam os arredores de Westminster na manhã desta terça, a região – que abriga o Parlamento, a Abadia de Westminster e o Palácio de Buckingham, entre outros possíveis alvos do terror – já vive sob fortíssima proteção em qualquer período do ano. Com ou sem Obama, é o lugar mais protegido da Inglaterra.

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