Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Com MST, chavistas armam arapuca para venezuelanos no Rio

Manifestantes a favor do referendo na Venezuela foram xingados por integrantes de movimentos sociais e pelo cônsul nesta quinta-feira

Por Nathalia Watkins
Atualizado em 2 set 2016, 19h01 - Publicado em 2 set 2016, 13h54

A Venezuela exportou para o Brasil a repressão aos seus próprios cidadãos, que não podem mais protestar pacificamente nem no Rio de janeiro.

Na manhã de quinta-feira, 1, cerca de vinte cidadãos venezuelanos que moram na capital carioca se concentraram em frente ao consulado da Venezuela, no centro. Seis dias antes, eles agendaram por e-mail um encontro com o cônsul-geral, Edgar Alberto González Marín, para entregar um documento pedindo respeito aos prazos do referendo revogatório que pode encurtar o mandato do presidente venezuelano Nicolás Maduro.

Para surpresa dos participantes, eles não só foram impedidos de entrar no prédio como tiveram de dar passagem a um grupo de cerca de dez membros do Movimento Sem Terra (MST), que chegaram com bandeiras vermelhas e camisas com dizeres a favor do chavismo. Agitados, eles chamavam os venezuelanos de fascistas e traidores.

 

Membros do MST reprimem protesto de venezuelanos no consulado da Venezuela no Rio de Janeiro, no dia 1 de setembro de 2016
Membros do MST reprimem protesto de venezuelanos no consulado da Venezuela no Rio de Janeiro, no dia 1 de setembro de 2016 (Arquivo pessoal)

 

O grupo do MST subiu ao consulado e desceu do prédio com mais bandeiras e pôsteres, ao lado do cônsul e de outros membros do grupo que já estavam no local antes da chegada dos venezuelanos.

“O cônsul não teve a menor preocupação em esconder que havia usado a representação para receber os mercenários pagos para nos boicotar”, disse a VEJA o venezuelano William Adrian Clavijo Vitto, de 26 anos, um dos organizadores da concentração.

Além de usar um alto-falante para ofender os manifestantes, os homens convocados pelo consulado ameaçaram William pessoalmente. “Um deles me empurrou algumas vezes e disse que sabia que eu morava em Botafogo e estudava na UFRJ, que ainda nos veríamos. São informações que não coloquei em lugar nenhum, está claro que foram fornecidas pelo próprio consulado”, disse.

Continua após a publicidade

Policiais no local evitaram agressões. Agora, William responsabiliza o cônsul-geral, Edgar Alberto González Marín, por qualquer atentado contra a integridade física ou qualquer violação dos direitos constitucionais dos cidadãos que estiveram no protesto.

 

Assista em TVeja:

Venezuela: escravidão e manobras para salvar Maduro

Continua após a publicidade

 

A ligação entre o MST e o governo venezuelano é antiga. Em outubro de 2014, a Polícia Federal prendeu a babá dos filhos do então ministro venezuelano Elías Jaua tentando entrar com um revólver no Brasil. Jaua esteve no Brasil para assinar convênios com o MST na cidade de Guararema, a 80 quilômetros de São Paulo.

Durante o governo do falecido presidente Hugo Chávez, eram comuns as viagens de integrantes do MST à Venezuela para intercâmbios com organizações chavistas, sempre pagas pelo erário público venezuelano.

 

Leia também: 

O que dizem os torturados da Venezuela

Oposição venezuelana desafia Maduro com protestos em Caracas

 

O consulado venezuelano divulgou a seguinte nota em seu site na quinta-feira,  1º:

“Pela manhã, o cônsul-geral do Rio de Janeiro, Edgar Alberto González Marín, recebeu representantes de movimentos sociais e partidos políticos na sede do Consulado Geral do Rio de Janeiro, que vieram demonstrar seu gesto de solidariedade e apoio ao governo legítimo e constitucional do presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, e contra o fascismo golpista e seus aliados internacionais.”

“Nessa oportunidade, além de mensagens de solidariedade, um grupo de percussionistas da União da Juventude Socialista (UJS) cantou frases de apoio ao governo bolivariano.”

“Entre os movimentos sociais e partidos políticos, União da Juventude Socialista, Partido dos Trabalhadores (PT-RJ), Brigadas Populares, SOS Aldeia Maracanã, Jornal Inverte e algumas personalidades”. 

Continua após a publicidade

 

Na quinta-feira, 1º, milhares de venezuelanos tomaram as ruas da capital, Caracas, para reivindicar a realização do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro ainda neste ano.

No sábado, 3, haverá uma nova manifestação de venezuelanos na Lagoa Rodrigo de Freitas, às 9 da manhã,  na altura da Rua Garcia D`Ávila.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.