Com foco em infraestrutura, Biden detalha plano de US$ 2 trilhões
Além de aumentar impostos corporativos, proposta também tem amplo foco em mudança climática
O presidente Joe Biden apresentará um plano de infraestrutura nesta quarta-feira, 31, com um apelo por uma mudança dramática e permanente na direção da economia dos Estados Unidos. Será revelado um pacote de cerca de 2 trilhões de dólares para investir em projetos tradicionais, como estradas e pontes, junto com o combate à mudança climática e impulsionando os serviços humanos, como atendimento aos idosos.
Funcionários do governo disseram que a proposta, detalhada em um relatório de 25 páginas e discutida por Biden em um discurso à tarde em Pittsburgh, também aceleraria a luta contra a mudança climática ao estimular o uso de fontes de energia novas e mais limpas e ajudaria a promover a igualdade racial na economia.
Os gastos no plano ocorreriam ao longo de oito anos, disseram as autoridades. Ao contrário do estímulo econômico aprovado pelo presidente Barack Obama em 2009, quando Biden era vice-presidente, as autoridades não priorizarão em todos os casos os chamados “projetos de escavadeira”, que poderiam impulsionar rapidamente o crescimento da economia.
A proposta é a primeira metade do que será uma liberação em duas etapas da ambiciosa agenda do presidente para reformar a economia, com um custo total de até 4 trilhões de dólares ao longo de uma década.
A administração de Biden o nomeou de “Plano de Emprego Americano”, ecoando o projeto de lei de alívio da pandemia de 1,9 trilhão de dólares que Biden sancionou este mês, o “Plano de Resgate Americano”. Juntamente com seu pacote de combate ao coronavírus, a iniciativa de infraestrutura de Biden daria ao governo federal um papel maior na economia dos EUA do que tem tido em gerações, respondendo por 20% ou mais da produção anual.
O esforço prepara o palco para o próximo confronto partidário no Congresso, onde os membros concordam que investimentos de capital são necessários, mas estão divididos sobre o tamanho total e a inclusão de programas tradicionalmente vistos como serviços sociais.
Funcionários do governo disseram que os aumentos de impostos no plano — incluindo um aumento na alíquota de imposto corporativo e uma variedade de medidas para taxar as multinacionais sobre o dinheiro que ganham e registram no exterior — levariam 15 anos para compensar totalmente o custo dos programas de gastos.
A ideia é aumentar a alíquota do imposto corporativo de 21% para 28%, parcialmente revertendo um corte assinado pelo presidente Donald Trump. Biden também tomaria uma variedade de medidas para aumentar os impostos sobre as empresas multinacionais.
Essas medidas incluiriam o aumento da alíquota de um imposto mínimo sobre os lucros globais e a eliminação de várias disposições que permitem às empresas reduzir sua obrigação tributária americana sobre os lucros que auferem e contabilizam no exterior.
Também seria acrescentado um novo imposto mínimo sobre a receita global das maiores multinacionais e aumentaria os esforços de fiscalização do Serviço de Receita Federal contra grandes empresas que sonegam impostos.
Ao menos por ora, Biden parece estr ignorando uma promessa de campanha de aumentar os impostos sobre pessoas ricas.
Mudança climática
O foco do presidente na mudança climática é abordado em todo o plano, mas está centrado em modernizar e transformar as duas maiores fontes de poluição de gases de efeito estufa dos Estados Unidos: carros e usinas de energia elétrica. O documento inclui um investimento histórico de 174 bilhões de dólares no mercado de veículos elétricos, que define a meta de uma rede nacional de recarga até 2030. O objetivo é reduzir os preços desse tipo de veículo.
O projeto propõe também a criação de um “Padrão de Eletricidade Limpa” — essencialmente, um mandato federal exigindo que uma certa porcentagem da eletricidade nos Estados Unidos seja gerada por fontes de energia com zero de carbono, como eólica, solar e possivelmente nuclear. Esforços semelhantes para aprovar tal mandato falharam várias vezes nos últimos 20 anos.
De acordo com o documento divulgado pela Casa Branca, o plano inclui 50 bilhões de dólares “em investimentos dedicados à melhoria da resiliência da infraestrutura”. Os esforços seriam de defesa contra incêndios florestais, aumento do mar e furacões, e haveria um foco em investimentos que protegem residentes de baixa renda e pessoas de cor.