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Com desfile de carros de luxo, parte de Bangcoc vive alheia à pandemia

Enquanto mercado de luxo está aquecido no país, desemprego entre a população mais pobre aumenta e desigualdade cresce

Por Da Redação
Atualizado em 10 ago 2020, 16h29 - Publicado em 10 ago 2020, 16h26

A pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, pode não ter afetado de forma devastadora a Tailândia como afetou outros países, como o Brasil ou Estados Unidos. No entanto, segundo dados do governo, o endividamento das famílias pode ter chegado aos 90%, enquanto o desemprego tende a alcançar 8,4 milhões de pessoas. No meio da desigualdade latente, um comboio de 40 Lamborghinis desfilou pelas ruas da capital Bangcoc no final de julho, todos em direção a um resort de férias.

Um dos donos de um recém-adquirido carro da marca de luxo italiana, que pode chegar a custar mais de 1,2 milhão de dólares, Thanakorn Mahanontharit, conhecido como Yod, disse que comprar o veículo era um sonho antigo e que não se importou em pagar 80% do valor do carro somente em taxas de importação.

“Este carro me faz sentir como David Beckham”, declarou. “Quando você abre a porta, todos olham para você como se você fosse um superstar”, afirmou.

Apesar da queda do turismo e das exportações, que podem resultar em uma contração de 10% do Produto Interno Bruto do País (PIB), e o aumento da pobreza e desigualdade, a pandemia parece não afetar o ramo de luxo no país.

Os Lamborghini “atraem um nicho muito específico de indivíduos de alto patrimônio líquido”, aponta Matteo Ortenzi, CEO da Automobili Lamborghini para a região Ásia-Pacífico. Segundo Ortenzi, na Tailândia há um “interesse contínuo” por esses carros, o que gera uma forte “demanda” e torna o país um dos “mercados mais importantes do Sudeste Asiático”.

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A compra do carro é “um reflexo do sucesso, não significa que eu seja melhor do que você”, concluiu Mahanontharit. A bonança dos bilionários, no entanto, não refletem a situação da população do país. “Um por cento da população possui cerca de dois terços do país”, disse Thitinan Pongsudhirak, analista político da Universidade Chulalongkorn de Bangcoc.

O Parlamento vive sob a sombra do Exército, que mandava na nação desde o golpe militar em 2014. O sistema é apoiado e sustentado por poucas famílias que detém o monopólio de diversos setores. A influência dessa elite se estende desde o comércio de cerveja até free shops e supermercados.

Já os agricultores sofrem com a queda na demanda e a falta de dinheiro. No país é comum que as pessoas saiam do interior para trabalharem nas cidades grandes e enviarem remessas de dinheiro para a família. Essas remessas começaram a se mostrarem insuficientes. Por outro lado, a classe média urbana enfrenta sérias dificuldades para fazer frente aos empréstimos contraídos e às despesas escolares.

Protestos pró-democracia

Manisfestantes pedem por maior abertura democrática na Tailândia durante ato em universidade – 10/08/2020 (Lillian SUWANRUMPHA/AFP)

Milhares de tailandeses participaram, nesta segunda-feira 10, de um protesto contra o governo, na maior demonstração de descontentamento até agora sob o governo do primeiro-ministro Prayut Chan-O-Cha. Agitando bandeiras do arco-íris e retratos de ativistas pró-democracia desaparecidos, os manifestantes invadiram o campus da Universidade Thammasat no início da tarde, localizado nos arredores da capital Bangcoc.

“Chega de falsa democracia!”, dizia uma das faixas durante a manifestação, que mobilizou até 4 mil pessoas. “Este é o momento de fazer com que nossas vozes sejam ouvidas pelo governo, de dizer a eles que já chega”, disse um estudante, sem se identificar.

Esta mobilização ocorre após várias semanas de manifestações estudantis quase diárias denunciando a administração de Prayut Chan-O-Cha, considerada muito próxima dos militares.

Os organizadores renovaram suas demandas em favor de uma reescrita da Constituição de 2017, pediram a dissolução do parlamento e que o governo “pare de ameaçar o povo”.

O protesto reuniu uma multidão muito diversa, de representantes da comunidade LGBTQI a estudantes do ensino médio e até mesmo muitos antigos ativistas pró-democracia.

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(Com AFP)

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