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Colegas dizem que comandante do Concordia é autoritário

Testemunhas criticam a personalidade do capitão, que deve depor nesta terça

Por Da Redação
17 jan 2012, 11h17

Mudança de trajetória para se exibir, demora para dar o alerta, abandono precipitado do navio: as críticas se acumulam ao capitão Francesco Schettino, que dará a sua versão dos fatos nesta terça-feira. Ele era o comandante do navio Costa Concordia, que naufragou na noite de sexta-feira. Até agora, foram encontradas pelo menos 11 pessoas mortas.

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Entenda o caso

  1. • O navio Costa Concordia viajava com mais de 4.200 pessoas a bordo quando bateu em uma rocha junto à ilha italiana de Giglio, na noite do dia 13 de janeiro.
  2. • A colisão abriu um grande buraco no casco do navio, que começou a encher de água. O comandante teria tentado se aproxima da ilha, mas a embarcação encalhou em um banco de areia e virou.
  3. • Onze mortos foram confirmados até o momento; ainda há 24 desaparecidos.
  4. • Os trabalhos de buscas são coordenados com a tarefa de retirar as 2.400 toneladas de combustível do navio, sob o risco de contamição da área do naufrágio.

A personalidade de Schettino, 52 anos, nascido em Sorrento, na costa de Amalfi, perto de Nápoles, é muito criticada. Mario Palombo, um comandante de bordo aposentado da Costa Crociere, onde Schettino trabalhou durante quatro anos em um cruzeiro idêntico ao Concordia, descreveu o capitão para os investigadores como “muito exuberante e imprudente”, segundo a imprensa local.

“Era um insolente, se fazia de esperto, era um palhaço, um grande m****. Eu não o condenaria uma vez, mas até dez vezes. As rochas estavam claramente assinaladas em todas as cartas náuticas”, declarou o ex-comandante de outro Costa Crociere, sob condição de anonimato. Um dos oficiais presentes no navio naufragado, Martino Pellegrino, também o descreveu como alguém “autoritário, às vezes insuportável, com quem ninguém conseguia conversar”.

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Prisão – Schettino foi preso no sábado por homicídio múltiplo por imprudência, naufrágio e abandono de navio. Ele foi levado para a prisão de Grosseto, a maior e mais próxima cidade da ilha Giglio, palco da catástrofe. Ele é acusado de ter se aproximado demais da costa para efetuar uma parada chamada de “inchino” (a reverência) com todas as luzes acesas e as sirenes ligadas. O cruzeiro se chocou contra uma rocha a cerca de 500 metros da costa.

Um investigador comparou Schettino, um ex-comandante de balsas que em 2002 chegou aos cruzeiros e se tornou comandante em 2006, a alguém que “dirigia um carro de luxo como uma Ferrari na estrada”. Segundo o oficial Pellegrino, ele “adorava mandar em quem se ocupava das máquinas”.

O Costa Concordia, um “gigante dos mares” de 300 metros de comprimento e 38 de largura, altura de um prédio de dez andares, era capaz de navegar a mais de 20 nós (37 quilômetros por hora). O proprietário do navio, Costa Crociere (grupo americano Carnival), tem se “dissociado” de sua conduta, condenando o “erro humano” e ressaltando que a trajetória feita não foi “autorizada nem certificada” pelo Costa .

Divergências – As versões diferem sobre suas atitudes: de acordo com seu advogado, Bruno Leporatti, após a colisão, Schettino “fez uma manobra brilhante e soube conservar a lucidez necessária para fazer o navio encalhar perto da costa, salvando a vida de muitas pessoas”. De acordo com novos elementos elucidados pela investigação na segunda-feira, na realidade, a sala das máquinas foi inundada em menos de 10 minutos e os motores estavam avariados, o que o impossibilitava pilotar o navio que, por sorte, terminou perto do pequeno porto de Giglio.

Muitos relatos e registros de suas conversas com o Porto de Livorno também estigmatizam sua atitude após o acidente. Ele minimizou o problema por cerca de uma hora, dizendo aos salva-vidas, equipe e passageiros, que se tratava de uma pane elétrica. Hesitou em dar o alerta para o abandono do navio e, muito antes da evacuação total, recusou-se a retornar a bordo para coordenar a operação.

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Refúgio – “Agora você vai até a proa, vai subir pela escada de emergência (de corda) e vai coordenar a evacuação. Você deve nos dizer quantas pessoas ainda estão lá, crianças, mulheres, passageiros a serem evacuados”, ordena o comandante da capitania dos portos às 1h46 da madrugada (00h46 GMT), segundo uma gravação que está nas mãos dos investigadores citada pela imprensa italiana. Mas, de acordo com a capitania e testemunhas, o comandante já estava refugiado em um rochedo às 00h30 locais (23h30 GMT), até mesmo antes.

O chefe do Costa, Pier Luigi Foschi, pediu na segunda-feira cautela antes de julgar o comportamento do comandante, alegando ter “testemunhas internas confiáveis”, segundo as quais ele permaneceu “muito tempo a bordo do navio”. Sua família continua a defendê-lo: “vocês cobrem de lama uma carreira cheia de honras, meu irmão provará que não teve responsabilidade no que aconteceu”, protestou sua irmã Giulia.

Ouça, abaixo, o diálogo que comprova a fuga do comandante do Concordia:

(Com agência France-Presse)

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