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Cocaína da Bolívia, um problema grave para o Brasil

Segundo agência ONU contra as drogas, entre 60 e 80% da cocaína boliviana é destinada ao mercado brasileiro

Por Da Redação
30 dez 2011, 17h08

A cocaína que vem da Bolívia representa um grave problema para o Brasil, que se tornou, além de grande consumidor, um país de trânsito – uma questão que causa muitas preocupações, ao se aproximar a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

“A Bolívia, produtor da pasta de cocaína, virou, também, um país de trânsito da droga, vinda principalmente do Peru. Toda a área de Santa Cruz (leste do país) tornou-se passagem obrigatória de traficantes que realizam suas atividades no Brasil”, disse Felipe Cáceres, dirigente boliviano da luta contra as drogas.

A cocaína “que chega ao Brasil vai para a África do Sul e, daí, aos mercados europeus”, explicou.

O representante da Agência das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (ONUDC), César Guedes, disse à AFP que “a Bolívia representa, agora, um problema para o Brasil, não mais para os Estados Unidos, porque a droga boliviana já está nas portas brasileiras”.

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Segundo Guedes, “o Brasil, um país de quase 200 milhões de habitantes, possui hoje em dia um milhão de consumidores”.

E essa nova realidade obriga à regionalização do combate ao narcotráfico. Foi com esse espírito que a Bolívia assinou um acordo com o Brasil no primeiro semestre de 2011, que inclui o controle de plantação e do tráfico com aviões não tripulados, embora esse programa ainda não tenha sido posto em prática.

A Bolívia e o Brasil compartilham uma extensa fronteira comum, de 3.100 quilômetros na região amazônica.

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E o Brasil, de alguma forma, substituiu os Estados Unidos, que teve sua Agência Antidrogas (DEA) expulsa da Bolívia em 2008, acusada pelo governo de conspiração contra a política local. Ainda assim, em novembro passado, os EUA se dispunham a participar de um acordo contra o tráfico com os dois países, que acabou não se concretizando.

Para o representante das Nações Unidas, o fato de a Bolívia não ter rubricado esse acordo, argumentando imprecisões da redação, determinou “a iniciativa brasileira de militarizar sua fronteira, (no final de novembro), uma decisão unilateral, para se proteger de uma invasão das drogas”.

Sob a tutela dos Estados Unidos, a Bolívia chegou a ter, entre 2000 e 2001, um máximo de 15.000 hectares de plantação de coca, quando na década de 80 chegava a 45.000 hectares. Actualmente, são cultivados no país mais de 31.000 hectares, dos quais 12.000 são considerados legais (para a mastigação ou o uso medicinal). Presume-se que o restante é destinado ao tráfico.

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Segundo Guedes, entre 60 e 80% da cocaína boliviana é destinada ao mercado brasileiro.

O governo de La Paz nunca informou em quanto ascende a capacidade do país de fabricar a droga, embora um relatório de 2010 da ONU fale em 115 toneladas anuais; o Departamento de Estado, em Washington, diz que são 190 toneladas.

A Bolívia é o terceiro produtor mundial de cocaína, depois do Peru e da Colômbia, segundo dados da ONU.

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No caso do Brasil, a cocaína que chega está associada à violência e à criminalidade preocupantes, uma vez que será a sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas, dois anos depois.

Uma pesquisa recente do jornal brasileiro Valor assinala que o número de consumidores aumentou sensivelmente no país devido à bonança econômica dos últimos anos.

“O Brasil passou em dez anos de país de trânsito para o de consumo” de cocaína, segundo Murilo Vieira, diplomata da embaixada brasileira de La Paz.

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Com isso, o país sofre “o efeito colateral” de ter tirado da pobreza 30 milhões de pessoas. “A chamada nova classe média passou a ter acesso à cocaína e a uma droga relativamente barata que é o crack” (resíduo da cocaína), assinalou Murilo Vieira, citado pelo jornal.

Entre janeiro de 2010 e agosto de 2011, a polícia brasileira apreendeu quase 43 toneladas de cocaína, entre pasta, cloridrato e crack, disse à AFP em Brasília um porta-voz da polícia federal.

(Com Agência France-Presse)

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