Cinco ministros pedem demissão do governo Fernández após derrota eleitoral
Os cinco são ligados à vice Cristina Kirchner e a manobra é entendida como forma de pressionar o presidente para uma reforma ministerial
Cinco ministros da Argentina colocaram seus cargos à disposição do presidente nesta quarta-feira, 15, após a derrota do partido governista nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso), realizadas no último domingo, 12, para as eleições legislativas de novembro. Os ministros que propuseram a renúncia são os de Interior, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Desenvolvimento Territorial e Habitat e Cultura.
Os cinco, de um total de 21 ministros, são ligados à vice-presidente Cristina Kirchner, e a manobra é entendida como forma de pressionar Alberto Fernández para uma reforma ministerial que dê mais relevância às pautas do kirchnerismo.
O primeiro a anunciar publicamente a decisão foi Eduardo “Wado” de Pedro, responsável pela pasta do Interior, que enviou uma carta a Fernández manifestando as razões de sua escolha.
“Ouvindo suas palavras no domingo à noite, quando você declarou a necessidade de interpretar o veredicto dado pelo povo argentino, considerei que a melhor maneira de colaborar com esta tarefa é colocar minha renúncia à sua disposição”, disse o ministro na carta.
Após este posicionamento de Wado, novas renúncias começaram a ser anunciadas dentro do gabinete presidencial, que, segundo o chefe de Desenvolvimento Territorial e Habitat, Jorge Ferrari, foram comunicadas a Fernández na última segunda-feira.
Todos os que assinaram a carta são ligados ao movimento jovem La Cámpora, liderado por Máximo Kirchner, filho da vice-presidente Cristina Kirchner.
Ainda não se sabe, no entanto, se Fernández aceitará ou não essas renúncias.
As primeiras eleições com ele como presidente foram vistas por analistas políticos argentinos como um plebiscito sobre seu mandato — marcado por duras e reiteradas medidas de combate à pandemia de Covid-19 e a uma recessão econômica que começou em 2018.
De acordo com a contagem provisória dos votos das primárias do último domingo, as listas de pré-candidatos a deputado da coligação governista Frente de Todos foram as mais votadas em apenas 7 das 24 províncias, e as da coalizão opositora Juntos pela Mudança levaram a melhor em 14.
Já em relação às listas para o Senado, a Frente de Todos só ganhou em duas das oito províncias onde houve o pleito.
Em 14 de novembro, 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados — onde nenhuma bancada conta atualmente com maioria absoluta — estarão em disputa, assim como 24 das 72 do Senado, onde a coligação governista é majoritária.