Chineses protestam contra Japão atacando carros das marcas Honda e Toyota
Países passam por conflito diplomático que tem como alvo as ilhas Senkaku, localizada entre a costa da Pequim e Tóquio
Manifestantes tomaram as ruas de cidades chinesas neste domingo atacando carros feitos no Japão, de marcas como Honda e Toyota. Os protestos ocorrem dias depois que ativistas chineses desembarcaram nas ilhas Senkaku – alvo de conflito diplomático entre China e Japão – e foram deportados. Os ativistas hastearam bandeiras e reivindicaram o domínio do território.
Pequim expressou oficialmente seu descontentamento na tarde deste domingo. “O ministério das Relações Exteriores apresentou formalmente suas queixas e manifestou seu enérgico protesto à embaixada japonesa na China, pedindo ao Japão que se abstenha de qualquer ação que atente contra nossa soberania territorial”, declarou o governo em um comunicado.
Leia mais:
Japoneses e chineses saem às ruas para reivindicar soberania sobre ilhas
Taiwan, que não possui relações diplomáticas com Tóquio, convocou o representante do Japão para criticar o crescimento das tensões no Mar da China meridional, segundo informações do próprio ministro das Relações Exteriores japonês, Timothy Yang.
Uma frota de vinte navios japoneses, com cerca de 150 pessoas, chegou na madrugada deste domingo em Senkaku para reafirmar a soberania japonesa sobre o arquipélago, informou um jornalista da AFP a bordo de uma das embarcações. Uma dúzia de nacionalistas desembarcou em Uotsurijima, a principal ilha do arquipélago, para hastear a bandeira japonesa.”É um território indiscutivelmente japonês. Encontramos ruínas de casas em estilo japonês!”, disse Eiji Kosaka, um político de Tóquio.
As ilhas Senkaku não são habitadas, mas suas águas são ricas em peixes e especula-se que possa haver petróleo e gás no fundo do mar. “Eu quero mostrar à comunidade internacional que estas ilhas são nossas. É o futuro do Japão que está em jogo”, declarou Kenichi Kojima, um vereador de Kanagawa, perto de Tóquio.
Conflito – A expedição provocou imediatamente manifestações contrárias ao Japão em pelo menos oito cidades chinesas, segundo a agência local Xinhua. Mais de 100 pessoas se reuniram em frente ao consulado japonês em Guangzhou (sul), cantando “Japão, saia das ilhas Diaoyu”, informou a agência.
Foram relatadas outras manifestações em Shenzhen, na fronteira com Hong Kong, Hangzhou e Qingdao (leste), Harbin e Shenyang (nordeste), acrescentou a Xinhua.
Escalada – Na sexta-feira, o Japão expulsou 14 ativistas pró-chineses que desembarcaram na quarta-feira em Senkaku/Diaoyu. Eles foram presos logo após uma bandeira chinesa ter sido hasteada. Os ativistas escolheram a data simbólica de 15 de agosto para protestar – exatamente o dia da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Com a expulsão imediata dos chineses, Tóquio queria evitar a repetição das tensões que aconteceram dois anos atrás, em setembro de 2010. As autoridades japonesas prenderam na época o capitão chinês de um navio de pesca que colidiu com navios da guarda costeira perto das ilhas em disputa. Tóquio libertou o capitão duas semanas depois devido aos protestos e ameaças de retaliações de Pequim.
Sinal da tensão crescente, o Japão planeja, de acordo com um jornal japonês, substituir seu embaixador em Pequim.
(com Agência France-Presse)