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China tem mais nascimentos, mas não repara pirâmide populacional

População chinesa foi prejudicada por quase quatro décadas da política do único filho, que foi revogada no fim do ano passado

Por Da redação
29 dez 2016, 09h23

A China encerra este ano, o primeiro da política de dois filhos por casal, com o maior número de nascimentos registrados neste século, um total de 17,5 milhões, embora o ritmo não baste para reparar sua pirâmide de população, prejudicada por quase quatro décadas da política do filho único.

O país mais populoso do mundo registrará 17,5 milhões de nascimentos durante 2016, 5,7% a mais que no ano anterior e o número mais alto desde o século passado, segundo dados oficiais.

O limite atual marcado pelo governo está, salvo exceções, em dois filhos por família, desde que em 1º de janeiro de 2016 se acabou com a política do filho único, iniciada em 1979 para frear a superpopulação e que se estima que evitou 400 milhões de nascimentos.

Mas também causou um vertiginoso envelhecimento do país que dizimou a população ativa e uma aguda defasagem entre homens e mulheres na China – cerca de 40 milhões de homens a mais, devido à preferência a ter meninos. Segundo previsões oficiais, a China alcançará em 2029 seu teto de população em 1,38 bilhão, número que se manterá estável a partir de então.

No entanto, alguns especialistas advertem que o ritmo de novos nascimentos não bastará para conter a erosão da pirâmide demográfica, e recomendam que se dê liberdade às famílias para ter todos os filhos que desejarem, ao que fizeram eco vários veículos de comunicação oficiais recentemente. “O número de bebês recém-nascidos não muda o problema. Não acredito que vá melhorar muito a situação”, disse Liu Jiehua, pesquisador do Instituto de População da Universidade Beida.

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No entanto, muitas mulheres duvidam em seguir adiante. Xio Huama, de 35 anos e grávida de sete meses de seu primeiro bebê, já pensa no segundo, embora lhe surjam dúvidas sobre se gostaria de ter três ou quatro filhos – algo que hoje não é possível. “Para isso os serviços sociais deveriam melhorar. Se não, vai haver ainda mais diferenças entre ricos e pobres. Eu decidirei quantos terei segundo minhas possibilidades”, comentou Xio.

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Perante as piores taxas de crescimento econômico do último quarto de século, e com o governo imerso em processo de reforma de serviços sociais básicos como a saúde, Jin Papa, de 28 anos, se mostra cautelosa na hora de considerar se gostaria de poder ter os filhos que quisesse. “É melhor que o país imponha um limite. Se não, vai haver ainda mais diferenças entre ricos e pobres”, declarou.

Para estimular a gravidez, uma dúzia de províncias chinesas já iniciou diferentes incentivos: por exemplo, a nortista Shanxi aumentou as férias dos recém-casados em 30 dias (dos cerca de dez frequentes), e Fujian, no sudeste, lidera com cinco meses a maior baixa de maternidade nacional.

A província de Heilongjiang, no norte do país, aprovou cláusulas para que certas famílias possam ter até três filhos, mas nem todos os possíveis pais anseiam esse cenário a qualquer preço. O segmento mais difícil de persuadir são as mais jovens, pois cerca de 60% das mulheres chinesas dispostas a ter dois ou mais filhos têm pelo menos 35 anos, segundo a Comissão Nacional de Planejamento Familiar da China (NHFPC).

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É o caso de Wang, a ponto de chegar aos 35 e mãe de uma filha. Ela afirmou que está buscando o segundo, e que, “se o governo permitir, quero dar à luz três filhos”. “Acredito que as autoridades seguirão relaxando as medidas, porque um segundo filho não vai solucionar o problema demográfico”, ressaltou.

Apesar da eliminação da política do filho único, a população ativa chinesa (entre 15 e 64 anos) cairá do 1 bilhão atual a 830 milhões em 2050, segundo números da NHFPC. Por este motivo, Liu, que concorda com muitos outros analistas, acredita que o governo chinês “ampliará gradualmente a política demográfica” enquanto realiza as reformas sociais.

Este pesquisador diz que será em 2020, como muito, que os casais chineses poderão ter os filhos que bem entenderem.

(Com Agência EFE)

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