China resiste a tarifaço dos EUA e PIB do país cresce 5,2% no 2º trimestre
Apesar da sequência de subidas de taxas entre Washington e Pequim, impacto negativo no volume das exportações chinesas foi limitado

A economia chinesa superou ligeiramente as previsões e cresceu 5,2% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, informou o Escritório Nacional de Estatística nesta terça-feira, 15. A consultoria chinesa Wind apontava expectativa de 5,17%, e a agência de notícias Reuters, 5,1%. Os dados mostram que, pelo menos até junho, a China conseguiu resistir ao impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos seus produtos.
Em entrevista coletiva, o vice-diretor do Escritório Nacional de Estatística, Sheng Laiyun, afirmou que o crescimento do PIB é efeito sobretudo da produção industrial, que saltou 6,8% ano a ano. Já as vendas no varejo, que refletem o consumo interno, cresceram 4,8%, puxando o resultado geral para baixo.
Ainda assim, entre abril e junho, apesar da sequência de subidas de tarifas entre Washington e Pequim, o impacto negativo no volume das exportações foi limitado. Para tal, contribuiu o fato de muitas empresas terem tentando driblar o efeito das tarifas antecipando suas transações comerciais, bem como a política agressiva do governo chinês de diversificação dos mercados destino das suas exportações. Segundo Sheng, o crescimento “demonstrando forte resiliência e vitalidade” se deve às políticas de estímulo adotadas por Pequim desde o final do ano passado.
Na segunda-feira, a Administração Geral de Alfândegas havia divulgado que as exportações chinesas subiram 5,8% em junho, em relação ao mesmo mês do ano anterior, também superando projeções. As vendas para os países do Sudeste Asiático saltaram 17%. Para os Estados Unidos, caíram 16,1%.
Expectativas para o futuro
Os sinais negativos do consumo e a pressão da guerra comercial desencadeada pelo presidente americano, Donald Trump, contudo, podem tornar difícil a manutenção do ritmo na segunda metade do ano. O resultado deste período já representa um abrandamento face ao avanço de 5,4% no primeiro trimestre (embora mantenha a economia chinesa em linha com o objetivo final de crescimento de 5% no total de 2025).
O gigante asiático tem um modelo de crescimento fortemente baseado nas suas exportações. Um cenário de guerra comercial mundial, em que as portas do mercado americano sejam fechadas por meio de uma escalada das taxas alfandegárias, pode limitar a capacidade da China prolongar o seu ciclo de crescimento. Mesmo com uma trégua entre Pequim e Washington, teme-se um abrandamento das exportações chinesas.
Enquanto analistas de instituições como o banco JP Morgan creditam o aumento do PIB da China no segundo trimestre, em parte, ao desempenho das exportações em junho, Sheng sublinhou na entrevista indícios de que a economia está menos dependente das vendas externas. Segundo o relatório do Escritório Nacional de Estatística, os gastos dos consumidores chineses responderam por 52% do crescimento na primeira metade do ano, enquanto as exportações responderam por 31,2%.
Pequim tem posto em prática diversas medidas de estímulo, como subsídios e quedas de taxas de juro. Mas são evidentes as dificuldades em contrariar a pressão de deflação – com a inflação perto de zero, o mercado imobiliário em crise e o consumo e o investimento sem sinais de aceleração.