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China ignora aniversário de 26 anos do massacre da Praça da Paz Celestial

Governo esquece propositalmente o episódio que deixou milhares de mortos em 4 de junho de 1989, mas faz campanha oficial para lembrar invasão japonesa na II Guerra

Por Da Redação
4 jun 2015, 08h27

O 26º aniversário do massacre de Praça da Paz Celestial, que representou um trágico final para os protestos pró-democracia de 1989 na China, transcorre nesta quinta-feira com o habitual contraste entre o silêncio oficial dentro do país e pedidos vindos do exterior para que Pequim assuma responsabilidades. Em uma China onde quase não circulam notícias ou fotografias sobre os fatos ocorridos na noite do dia 3 para 4 de junho de 1989, a data é ignorada e, como se fosse um dia normal, centenas de turistas hoje percorreram a praça de Praça da Paz Celestial para visitar a Cidade Proibida ou ver o corpo embalsamado de Mao Tsé-tung.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos emitiu nesta quinta um comunicado por ocasião do aniversário do massacre e pediu ao governo chinês que permita que aqueles que desejam possam comemorar pacificamente a data. A diplomacia americana solicitou que a China faça “uma apuração oficial” das vítimas da Praça da Paz Celestial, já que até hoje não se averiguou o número e nome dos mortos. Além disso, pediu a libertação dos que “ainda cumprem penas” por esse acontecimento e o fim “do assédio e detenção” daqueles que querem comemorar pacificamente o aniversário.

Apesar das críticas internacionais de nações ocidentais e de organizações que defendem a democracia e os direitos civis, o governo chinês responde, assim como em aniversários anteriores, com sua fórmula habitual de minimizar os fatos de 1989 e assegurar que o país já virou esta página. “Com relação ao incidente político na década dos 80, o povo chegou à conclusão de que a política de reforma e abertura demonstrou que o país está em um bom caminho e recebe o apoio de 1,3 bilhão de cidadãos”, assinalou a porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores do país Hua Chunjing, no começo desta semana.

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O único reduto de memória dentro da China parece estar na associação das Mães da Praça da Paz Celestial, que reúne pouco mais de uma centena de familiares de vítimas do massacre, e este ano publicou uma carta pedindo aos políticos chineses que acabem com a mordaça em torno do massacre. O governo chinês nunca divulgou um número oficial de mortos na repressão de 4 de junho de 1989, mas grupos de defesa dos direitos humanos estimam que tenham sido milhares. Policiais, guardas municipais, funcionários à paisana, agentes dos comitês de bairro, entre outros, estavam hoje de prontidão na região da Praça da Paz Celestial e em seus arredores.

II Guerra – O forçado esquecimento da China em relação ao massacre da Praça da Paz Celestial é paradoxal em 2015, ano em que Pequim aproveita as sete décadas do final da II Guerra Mundial para exigir ao Japão que pare de negar suas brutais agressões. Nos últimos meses, a maioria das redes de televisão da China transmitiu séries de temática bélica, nas quais é contada a heroica resistência do povo chinês diante do Japão. Além disso, o dia 3 de setembro, data em que Tóquio assinou sua rendição, foi declarado feriado nacional, e em razão disso haverá um desfile militar, justamente na Praça de Praça da Paz Celestial.

Não só os fatos de 1989 são sistematicamente esquecidos e estão ausentes nas conversas nas ruas, nas páginas de jornais ou nas manifestações culturais: o mesmo ocorre com erros do maoísmo, como o Grande Salto Adiante (1958-1961) ou a Revolução Cultural (1966-1976), programas estatais desastrosos que resultarem em fome e sofrimento ao povo chinês, matando dezenas de milhões de pessoas.

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(Da redação)

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