China divulga plano para atingir pico de emissões de carbono antes de 2030
Documento foi publicado cinco dias antes do início das conversas da conferência do Clima em Glasgow
O governo chinês afirmou nesta terça-feira, 26, que o país adotará ações para reduzir o desperdício, promover energias renováveis e reformar sua rede elétrica, parte de um plano para atingir um pico de emissões de carbono antes de 2030. O documento foi publicado cinco dias antes do início das conversas da conferência do Clima em Glasgow.
A China, maior fonte mundial dos gases causadores do efeito estufa, passa por um período sem precedentes de blecautes, que forçaram o aumento da produção de carvão para garantir os suprimentos do inverno. Ainda assim, o Conselho Estatal afirmou que o país irá acelerar esforços para viabilizar um sistema que permita que novas fontes de energia sejam ampliadas continuamente.
O novo plano inclui as metas do país de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e elevar a geração de energia eólica e solar. Algumas das novas represas hidrelétricas seriam construídas nas porções superiores dos rios Yangtzé, Mekong e Amarelo e há planos para novas usinas nucleares, contando com reatores marítimos de pequena escala, segundo o conselho.
É previsto que Pequim anuncie suas “contribuições nacionalmente determinadas” antes do fim da cúpula na Escócia.
O anúncio segue estratégias anteriores do governo chinês, um dos 195 signatários do acordo de Paris, para tentar frear suas emissões. No ano passado, o presidente chinês, Xi Jinping disse que o país, um dos maiores emissores de carbono do mundo, vai zerar as emissões líquidas de CO2 até 2060.
Pensando positivamente, o compromisso da China pode modificar as previsões anteriores do aquecimento global até 2100, já que é fonte de 27% das emissões globais de CO2. O grupo de pesquisa Climate Action Tracker calcula que, se todos os governos cumprissem às promessas do acordo de Paris, o planeta aqueceria, em média, 2,7ºC até 2100 em comparação com as temperaturas pré-industriais. O anúncio de Xi no ano passado reduziu a média a 2,4ºC.
Para alcançar o objetivo de 2060, o plano de atingir o pico antes de 20230 é importantíssimo, sobretudo no que diz respeito à completa descarbonização da eletricidade. Atualmente, mais de 60% da energia ainda vem da queima de carvão e, apesar dos planos, o país continua construindo usinas termelétricas a carvão. Só nos primeiros seis meses de 2020, construiu mais de 60% das novas instalações do mundo – infraestruturas planejadas para permanecer utilizáveis por décadas.
Por outro lado, o gigante asiático já é afetado pelo aquecimento global com enchentes e secas. Além disso, pode implementar mudanças de maneiras mais incisivas por conta de seu sistema de governo, já que medidas impopulares, como a produção de energia nuclear, não terão forte oposição pública – sua capacidade de geração nuclear mais que dobrou entre 2014 e 2019.