China convoca 100.000 autoridades para solucionar recessão pandêmica
O primeiro-ministro chinês discursou a autoridades provinciais, municipais e estaduais contra a política oficial de "Covid zero" do governo central

A agência de notícias estatal chinesa Global Times informou nesta quinta-feira, 26, que o gabinete da China realizou uma reunião de emergência com mais de 100.000 participantes na véspera, em que os principais líderes do país pediram novas medidas para estabilizar a economia – em frangalhos devido às rigorosas restrições contra a pandemia do país, política apelidada de “Covid zero”.
A videoconferência do Conselho de Estado contou com a presença de autoridades provinciais, municipais e estaduais, de acordo com um relatório do Global Times. O primeiro-ministro Li Keqiang e outras figuras de alto escalão também estavam presentes.
Li pediu por medidas do governo central para reduzir o desemprego e garantir que as vagas existentes permaneçam abertas.
A segunda maior economia do mundo foi atingida em vários setores desde que um novo surto de Covid-19 começou em março, levando ao bloqueio total em muitas grandes cidades – com destaque para o centro financeiro de Xangai, onde não foi permitido que a população saísse de suas casas ou bairros por um mês e meio.
Para Li, o impacto econômico observado em março e abril deste ano superou o de 2020, durante o surto inicial do coronavírus. Atualmente, as taxas de desemprego são maiores, enquanto a produção industrial e o transporte de cargas estão reduzidos. O primeiro-ministro chamou a situação de “complexa e grave” no início de maio, uma das principais autoridades a criticar abertamente a estratégia “Covid zero”.
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“A reunião incomum encerra uma série cada vez mais urgente de pronunciamentos oficiais nos últimos dias, tentando resolver a interrupção econômica causada pela onda de bloqueios do Covid-19”, escreveu em nota o grupo de pesquisa Gavekal Dragonomics nesta quinta-feira.
“O foco urgente de alto nível na estabilização do crescimento abre a porta para que medidas de estímulo mais agressivas sejam implantadas nas próximas semanas”.
No início desta semana, o banco de investimento UBS reduziu sua previsão de crescimento do PIB chinês para 3% (a China disse que espera um crescimento de cerca de 5,5% este ano). No ano passado, a economia do gigante asiático expandiu 8,1%, contra 2,3% em 2020. É ritmo mais lento em décadas.
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Na segunda-feira 23, em uma reunião executiva do Conselho de Estado, autoridades divulgaram 33 novas medidas econômicas, incluindo aumento de reembolsos de impostos, concessão de empréstimos a pequenas empresas e concessão de empréstimos de emergência ao setor de aviação, segundo a agência de notícias estatal Xinhua.
As medidas também reduzem algumas restrições relacionadas à Covid-19, como a liberação da circulação de caminhões que partem de áreas de baixo risco de infecção.
Na reunião da quarta-feira 25, Li pediu que os departamentos do governo implementassem essas 33 medidas até o final de maio, com o apoio de uma força-tarefa do Conselho de Estado a 12 províncias a partir desta quinta-feira.
A política de Covid zero visa eliminar todas as cadeias de transmissão usando bloqueios nas fronteiras de províncias e bairros, quarentenas obrigatórias, testes em massa e lockdowns-relâmpago. Contudo, a variante Omicron, altamente infecciosa, tomou o país em março e desafia a estratégia.
Neste mês, mais de 30 cidades estavam sob bloqueio total ou parcial, impactando 220 milhões de pessoas em todo o país, segundo cálculos da emissora americana CNN. Do Big Tech aos bens de consumo, isso está destruindo tanto a oferta quanto a demanda nas indústrias.
Embora algumas dessas cidades tenham flexibilizado algumas restrições, o impacto da interrupção nas cadeias produtivas ainda se faz sentir. Muitas empresas foram forçadas a suspender as operações, incluindo as montadoras Tesla e Volkswagen. O Airbnb é a mais recente empresa multinacional a sair do país, porque o negócio de compartilhamento de casas tornou-se insustentável em meio às restrições.
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Mesmo assim, as principais autoridades do país insistem na política de Covid zero. Nesta segunda-feira, sete distritos de Pequim foram parcialmente bloqueados, afetando quase 14 milhões de habitantes. Nos dois maiores distritos da cidade, Chaoyang e Haidian, todos os serviços não essenciais – shoppings, academias e espaços de entretenimento – foram fechados.
Xangai revelou planos para suspender bloqueios nesta quinta-feira, mas uma recuperação econômica nacional ainda está distante. O centro financeiro da China vai reabrir fronteiras e serviços não-essenciais a partir do dia 1º de junho, com retorno de estudantes às escolas a partir de 6 de junho.













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