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Chávez pode ter ajudado Irã a produzir motores de foguete

Especialista americano afirma que os contratos entre Caracas e Teerã incluíram equipamentos em mísseis de cruzeiro

Por Leonardo Coutinho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 ago 2016, 20h54 - Publicado em 25 ago 2016, 17h46

A edição de VEJA desta semana revelou a existência de um documento assinado em 2009 pelo então presidente da Venezuela Hugo Chávez, no qual fica evidente o auxílio do país sul-americano no esforço do Irã para burlar as sanções impostas pelas Organização das Nações Unidas (ONU). Desde 2007, os iranianos estavam proibidos de comercializar e produzir os insumos químicos associados ao seu programa nuclear e ao de desenvolvimento de mísseis.

A parceria revelada pela reportagem confirmou que Chávez se associou aos iranianos e patrocinou uma linha de produção de pólvora, uma de nitroglicerina e outra de nitrocelulose – insumos empregados na produção de propelentes de foguetes. A reportagem de VEJA repercutiu na Venezuela e em outros países da América Latina.

O documento reforça as suspeitas do americano Joseph Humire, especialista em segurança e autor de uma série de trabalhos sobre os esforços de penetração do Irã na América Latina, a respeito das parcerias empresariais firmadas entre Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad.

Humire analisou vinte operações realizadas entre os dois países nas mais diversas áreas e identificou que mesmo aquelas consideradas lícitas tinham um impacto nocivo devido ao “duplo uso” que elas poderiam apresentar.

Reprodução da capa do projeto realizado entre a estatal venezuelana Cavim e a iraniana Parchin, para produção de propelentes de foguetes
Reprodução da capa do projeto realizado entre a estatal venezuelana Cavim e a iraniana Parchin, para produção de propelentes de foguetes ()

Ele citou um convênio da Cavim com a Iran Aircraft Industries para produção de motores modelo J85 para os caças F5 da Força Aérea da Venezuela. Efetivamente, os aviões passavam por um processo de modernização, mas a opção de fazer a reforma com o Irã e não com o Canadá – que tem a melhor reputação nesse tipo de tecnologia – pode ter escondido o real uso dos motores.

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O equipamento é compatível com os empregados na produção de mísseis de cruzeiro. “Não é responsável afirmar que a Venezuela e o Irã produziram motores para foguetes. Mas é inegável que os dois países produziram motores que podem ser empregados ilegalmente em foguetes”, afirma Humire.

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O pesquisador destaca que a apreensão, realizada pelo governo da Turquia, de uma carga de produtos químicos disfarçados de peças para tratores que estavam sendo despachados do Irã para Venezuela em 2009 significava que os dois países estavam trabalhando em uma segunda geração de propelentes sólidos muito mais potentes que os disponíveis nos arsenais iranianos. sua investigação possibilitou identificar que os dois elementos químicos, quando misturados na nitroglicerina e nitrocelulose dão origem a um combustível com maior capacidade geração de energia.

A revelação da operações clandestinas entre Caracas e Teerã ocorre na mesma semana em que o chanceler dos aiatolás, Mohammad Javad Zarif, visita a América Latina. O roteiro do ministro das Relações Exteriores incluiu os países do chamado eixo bolivariano (Cuba, Bolívia, Venezuela e Nicarágua) e o Chile. Com uma comitiva de mais de 120 pessoas, Zarif busca firmar acordos comerciais e parcerias na região.

O Brasil e a Argentina ficaram de fora dos planos dos iranianos por eles entenderem que eles perderam a interlocução com os governo anteriores. Em março passado, os iranianos esperavam uma visita do então ministro da Defesa, Aldo Rebelo (PCdoB) que firmaria uma série de contratos com persas, que planejavam retribuir a visita em maio. Por causa afastamento da presidente Dilma Rousseff, Zarif suspendeu a viagem.

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