Eduardo Davis.
Brasília, 13 dez (EFE).- Em seu primeiro ano no governo, a presidente Dilma Rousseff soube manter o país a salvo da crise econômica, foi discreta no plano internacional e, sobretudo, surpreendeu por seu rigor nas ações de combate à corrupção.
Primeira mulher a presidir o país, Dilma começou sua gestão em 1º de janeiro de 2011 com o desafio de suceder Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou a Presidência com maciça aprovação popular após oito anos no poder.
Discreta, de caráter forte, com pouca facilidade para sorrir, reticente aos flashes das câmeras que seduziam seu antecessor e sem o mesmo carisma e experiência política de Lula, pouco a pouco Dilma impôs um estilo próprio e diferente de governar que, segundo pesquisas que lhe atribuem um apoio de 70%, é aprovado pelos brasileiros.
Uma das provas de fogo de seu primeiro ano de mandato era manter a pujante economia do país na linha deixada por Lula, e a presidente pode dizer que conseguiu.
A economia brasileira deverá fechar 2011 com um crescimento próximo de 3%, uma inflação alta, mas controlada (em torno de 6,5%), e a confiança de investidores nacionais e estrangeiros que veem o Brasil como o ‘país do futuro e do presente’.
Para muitos analistas políticos, embora os maiores riscos estejam à espreita, estes resultados não representam pouco em tempos de crise.
Dilma também manteve e até aprofundou o forte caráter social que Lula imprimiu a seu governo, e durante este ano anunciou planos de vasto alcance para auxiliar 17 milhões de brasileiros que ainda vivem abaixo da linha de pobreza, com renda inferior a R$ 70 mensais.
A sensibilidade que esconde em seu rosto habitualmente sério surgiu com força em janeiro, quando 12 dias após ter assumido o cargo, a região serrana do Rio de Janeiro foi arrasada por temporais que causaram quase mil mortes, no maior desastre natural da história brasileira. Dilma visitou imediatamente a região, liberou ajuda financeira com rapidez e foi vista chorando enquanto consolava desabrigados em ruas cobertas de lama.
No plano das relações exteriores, ela foi mais discreta que seu antecessor, ratificou como prioridades América do Sul e África, regiões que mais visitou em seus primeiros meses de governo, e se aproximou dos Estados Unidos, que tinham sido relegados por Lula em seus últimos tempos no governo.
A presidente acentuou ainda os laços com os países emergentes, sobretudo China, Rússia, Índia e África do Sul, com os quais o Brasil integra o Brics, que no calor da crise internacional adquiriu mais protagonismo nos foros globais.
A Europa não parece estar por enquanto na lista de seus principais interesses, mas ela se dispôs a ajudar o bloco comunitário através do Fundo Monetário Internacional (FMI), que por meio de sua diretora-gerente, Christine Lagarde, reconheceu que o Brasil e outros emergentes merecem novos e mais amplos espaços no mundo.
Se em todos esses terrenos optou por uma suave continuidade em relação a Lula, Dilma deixou sua própria marca durante 2011 no que se refere à corrupção, contra a qual a chefe de Governo provou que não tem a menor paciência.
O primeiro escândalo veio em junho, com apenas cinco meses no poder, por denúncias de enriquecimento ilícito que derrubaram o ministro da Presidência, Antonio Palocci, então seu ‘braço direito’.
Depois caíram os ministros Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esporte) e Carlos Lupi (Trabalho), todos por supostas irregularidades.
Apesar disso, a presidente declarou mais de uma vez que a luta contra a corrupção não é uma meta de seu governo, mas ‘uma constante’ na vida pública.
‘A única meta é acabar com a pobreza’, reiterou sempre que foi consultada sobre sua intolerância às irregularidades. EFE