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Casos de pedofilia custaram US$ 2 bilhões à Igreja Católica

Por Da Redação
8 fev 2012, 14h13

Juan Lara.

Cidade do Vaticano, 8 fev (EFE).- Os casos de abusos sexuais a menores já custaram à Igreja Católica em nível internacional mais de US$ 2 bilhões, informaram nesta quarta-feira os americanos Michael Bemi e Patricia Neal no simpósio organizado pelo Vaticano para discutir os escândalos de clérigos pedófilos.

Michael Bemi, do National Catholic Risk Retention Group, de Vermont, e Patricia Neal, diretora do programa de proteção de crianças VIRTUS, disseram no terceiro dia do evento, realizado na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, que esses casos tiveram ‘profundas consequências negativas’ para a Igreja Católica.

Os dois especialistas detalharam que não é possível avaliar os danos causados nas vítimas, cujas vidas mudaram para sempre, e por isso analisaram apenas os prejuízos causados à Igreja por estes escândalos.

Esses US$ 2 bilhões foram pagos nos acordos estabelecidos durante os processos das vítimas contra as dioceses, em julgamentos, assessorias legais, tratamentos para as vítimas e acompanhamento dos agressores, entre outros gastos.

Sobre as pessoas que sofreram abusos, Bemi e Neal destacaram que ainda não existe um estudo em nível mundial, mas que, só nos Estados Unidos, a estimativa é que 100 mil pessoas foram vítimas desses abusos.

Esse número deve ser somado às centenas de casos denunciados na Irlanda, Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Índia, Holanda, Filipinas e Suíça, entre outros países.

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Bemi e Neal frisaram que os escândalos sexuais, além de custar uma quantidade de dinheiro que podia ser destinado à construção de hospitais, escolas, seminários e igrejas, causaram doenças e transtornos psíquicos, emocionais e sexuais às vítimas, assim como traumas nos familiares.

E, além disso, dispararam as suspeitas em relação a todos os padres e aumentou o distanciamento dos laicos da Igreja.

Os dois especialistas asseguraram que é preciso dissipar qualquer equívoco e reconhecer que os escândalos não foram exagerados pelos ‘meios de comunicação ateus’ e que os crimes não têm nada a ver com a orientação sexual, ‘já que a realidade é que nem a homossexualidade nem a heterossexualidade são um fator de risco, e sim a orientação sexual desordenada ou confusa’.

Também discursou o promotor do Vaticano, Charles Scicluna, que disse que é errado e injusto aplicar a ‘lei do silêncio’ aos casos de pedofilia e que a Igreja tem a obrigação de cooperar com as autoridades civis.

‘É essencial essa cooperação. O abuso sexual a menores não é só um delito canônico, se trata também de um delito previsto no Direito Civil’, destacou Scicluna.

O prelado ressaltou que reconhecer e admitir a verdade absoluta ‘com todas as dolorosas repercussões e consequências’ é o ponto de partida para uma cura autêntica, tanto das vítimas quanto do autor dos abusos.

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De acordo com o promotor, as vítimas precisam ser ouvidas com atenção e tratadas com dignidade quando embarcam na ‘esgotante’ viagem da recuperação e da cura, e que por isso é necessária a ajuda de especialistas.

Acrescentou ser extremamente importante que o abusador admita seu pecado, seu crime e sua responsabilidade pelos danos causados às vítimas, à Igreja e à sociedade.

O promotor se referiu às medidas adotadas por Bento XVI em 2010 contra a pedofilia, entre elas a ampliação de 10 para 20 anos do tempo para denunciar os abusos e a introdução do delito de aquisição, posse e difusão de pornografia infantil por parte dos clérigos.

Scicluna destacou que no sacerdócio e na vida religiosa não há lugar para nada que prejudique os jovens e garantiu que nenhuma estratégia de prevenção de abusos por parte da Igreja irá funcionar se faltar credibilidade.

Do simpósio participam 110 representantes de conferências episcopais e 30 superiores religiosos, que realizaram hoje uma vigília penitencial na qual o cardeal Marc Oullet, prefeito da Congregação para os Bispos, pediu perdão a Deus e às vítimas pelos abusos sexuais cometidos por padres, que classificou como ‘fontes de vergonha e um escândalo enorme’. EFE

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