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Casal Kirchner aproveitou bonança e tirou Argentina da crise

Por Por Josefa Suárez
18 out 2011, 18h34

O ex-presidente Néstor Kirchner e sua mulher e sucessora na presidência Cristina Kirchner, tiraram a Argentina de sua pior crise e melhoraram os indicadores sociais, aproveitando um contexto de bonança econômica, mas seu modelo dificilmente será sustentável no longo prazo.

Néstor Kirchner chegou à Casa Rosada em 2003 com apenas 22% dos votos e em meio a um “inferno”, como ele mesmo definiu a grave situação econômica e social do país, afetado por um índice de pobreza de 58%, mais de 20% de desemprego e uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) superior a 10% no ano anterior.

Além disso, o país transformou-se em um pária dos mercados financeiros internacionais, depois que em 2001 anunciou o calote de cerca de 100 bilhões de dólares, o maior da História.

No entanto, conseguiu reverter a situação, impulsionando o crescimento do consumo interno, a manutenção do superávit fiscal e comercial, o desendividamento e o aumento das reservas internacionais que subiram para 50 bilhões de dólares, em um contexto de forte valorização das matérias-primas agrícolas vendidas pela Argentina.

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Além disso, Kirchner e depois sua mulher, a partir de 2007, mantiveram o câmbio estável mediante intervenções sistemáticas do banco central.

“Podemos dizer que a gestão econômica dos Kirchner não teve um eixo central, mas o foco esteve sempre colocado no curto prazo e houve poucas decisões pensadas no longo prazo e, nesse sentido, talvez a mais importante seja a política de desendividamento”, disse à AFP Fausto Spotorno, da consultoria Orlando Ferreres.

O especialista se referia às decisões tomadas pelo ex-presidente para reduzir a dívida, como a reestruturação do passivo com os credores privados em junho de 2004 e o pagamento em uma só vez ao Fundo Monetário Internacional (FMI) de 9,81 bilhões de dólares com as reservas do banco central.

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Às vezes heterodoxas, as medidas do casal presidencial deram seus frutos: o PIB cresce desde 2003 a taxas chinesas de 6% a 9% e o desemprego caiu de 10% para 7% nos últimos três anos.

As cifras oficiais de pobreza, no entanto, estão em 8,3% no fim do primeiro semestre deste ano em zonas urbanas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec).

No setor privado, os dados para esse indicador social são muito mais conservadores, mas há consenso de que a pobreza caiu durante a gestão Kirchner.

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“Hoje há consenso de que a pobreza caiu fortemente entre 2003 até 2007 no nível nacional, quando o índice chegou a ficar em 22%, depois voltou a subir e em 2009 ficar em 27%”, disse à AFP o economista Rubén Lovuolo, do Centro Interdisciplinar para o Estudo de Políticas Públicas (privado).

O consumo se fortaleceu com a criação de uma bolsa de 270 pesos (US$ 65) dada a 4 milhões de famílias pobres para cada filho menor de 18 anos.

“A política econômica foi muito expansionista e nos últimos anos o foco foi dado ao consumo, impulsionando o crédito com taxas baixas e expandindo o gasto público com subsídios, tanto sociais como econômicos, que ampliam a capacidade de consumo”, disse Spotorno.

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Por outro lado, aposentaram-se cerca de 3 milhões de pessoas que não fizeram aportes ao sistema, a partir de trâmites especiais que beneficiam inclusive as donas de casa.

Esses benefícios foram financiados com o sistema de fundos de pensão que foi reestatizado por uma polêmica lei do Congresso em 2008 quando estava à beira da quebra, e que permitiu ao governo adquirir cerca de 30 bilhões de dólares que eram administrados por empresas privadas.

No entanto, o fantasma da inflação surgiu na gestão de Cristina Kirchner, que busca sua reeleição no domingo.

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O órgão público encarregado das estatísticas, o Indec, é acusado de manipular os dados e em 2010, por exemplo, enquanto a inflação oficial foi de 10,9%, cálculos privados a situaram entre 22% e 25%.

Também o crescimento do gasto público e a incerteza diante de uma eventual crise internacional em 2012 despertam alerta entre os analistas, que advertem sobre a dificuldade de sustentar essa estratégia de crescimento no longo prazo.

“O nível atual de subsídios é insustentável. As contas do fisco mostram que é necessário um ajuste, particularmente no que corresponde às tarifas de serviços públicos e do transporte”, disse à AFP Soledad Pérez Duhalde, da consultoria Abeceb.

Este é um obstáculo para o governo, já que diminuir os subsídios significaria duplicar ou triplicar o valor dos serviços: “é possível que haja modificações, mas também é certo que resolver o problema é cada vez mais difícil”, disse Spotorno.

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